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Conversas de final de noite (parte II)

Confessado por Mulherde30, em 13.04.05

loucuras43.jpg


Chegas perto de mim com a manta tão velha quanto isto que nós temos... isto que nem sei se é amor, amizade, cumplicidade ou tudo...
Descalçamo-nos e caminhamos pela praia tão escura...mas não sinto medo. Nunca senti medo a teu lado.
Dizes-me num tom baixinho como se tivesses receio que alguem possa ouvir:
- O teu olhar continua triste.
- Sem os meus olhos tristes e castanhos não seria eu. Tu tambem estás de olhar tristonho. E ao mesmo tempo um olhar que só quer um pouco de carinho...olhar carente.
- E preciso... do teu.


A carência faz disto... ou a ausência de algo. O vazio que fica preso no peito, que não se consegue preencher...
- Não sofras por ela... se te magoa é porque não te merece. Ninguem merece o teu sofrimento...
- Nem o teu... mulher da lua. Lembras-te? Quando fugíamos para aqui? E eu te dizia que era teu aquele rosto de mulher que se vê na lua?
- Lembro, claro que lembro. De quantas vezes caminhámos por este areal de mãos dadas no escuro, como hoje. De tantas vezes que me apertaste contra o teu peito só para eu chorar de amor. Contigo sempre consegui chorar... nunca precisei de esconder... recordo sim do toque das tuas mãos nas minhas costas, nos meus cabelos enquanto me encostava no teu regaço... Neste instante, se pudesse pedir um desejo, pedia que por mais anos que passem continuemos sempre a ver no outro o porto de abrigo.
- Eu tambem lembro. Das vezes que me dizias: chora. E depois me dizias: vamos semear girassóis?
- Sempre gostei de semear girassóis contigo... era o gosto de ver crescer o que ambos semeávamos. Tenho a falta dos girassóis... falta das longas cartas que me escrevias com letra cuidada para que eu pudesse perceber! Há quanto tempo não recebo uma carta! Mas isso foi no tempo dos segredos...
- Na idade da inocência...


Deitamo-nos na areia... sabe tão bem. Já nem sei se foi ele que me pediu carinho se sou eu que mandei o meu espirito procurá-lo para receber essa ternura. Já não sei...
Eu estava a precisar de ti... e tu vieste mesmo sem te chamar.


- Tão boas estas noites! Com o som do mar... o céu estrelado, areia fria...
- Raquel...
- Desperta-me a mente... vêm as imagens de corpos nus... em noites assim apetece aquele sexo louco, desenfreado, quase selvagem. Aquele que quase nos enlouquece...sexo suado, de corpos entrelaçados... que nem se sabe muito bem onde começa um e termina o outro. Aquele sexo que nos apertam com medo de escorregarmos e fugirmos, sexo molhado, suado...linguas que se procuram e se querem. Sexo que se termina e se repete só porque podemos adormecer... e quando acordarmos o outro já não esteja lá... sabes?
- Sei... estamos muito sexuais hoje...
- Estamos... e já dizemos coisas patrocinadas pela "Quinta da Aveleda"...
- A "Quinta da Aveleda" faz sempre óptimos patrocínios... mas está a noite perfeita, sem duvida.

Rimos os dois como quem espera um amor que não se tem... como quem, mesmo assim, é feliz...

- Raquel... este céu com milhões de estrelas. Estrelas que estão sempre ali... e eu olho para ti e vejo que afinal, és tu quem mais brilha... e que estás tão perto...
- Outra frase a ser patrocinada por uma bebida qualquer...

Ficamos ali de ombros encostados... e a minha voz rompe o silencio:
- Levas-me a casa?
- Sempre.

Despedimo-nos num abraço apertadinho... e sussurra-me:
- Até amanhã.
- Até amanhã...

Eu sei que não será amanhã... eu sei que voltaremos ao ritual quando a vida nos massacrar a tal ponto que só no outro podemos esquecer, por um momento que seja, o quanto o mundo é cruel...
Sei que não é amanhã e isso não me entristece... porque sei que algures ele pensa em mim, que sabe que estou aqui. Mais não seja para lhe oferecer um sorriso meu. Mais não seja para lhe dar a mão e caminhar a seu lado. Mais não seja para lhe dizer: chora.

Sei que será um dia... não amanhã... um outro dia qualquer.

publicado às 18:16


Confessionário

De mulherde30 a 14.04.2005 às 10:07

P/ OLHO VIVO: obrigada... mas é sempre dificil encontrar palavras para explicar sentimentos...b'jinhos

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