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Tudo aquilo que sou...
Fotografia:?
Tenho-me arrastado o dia inteiro entre a cama e outro lugar qualquer, entre um lugar qualquer e a cama. Ainda não me sinto muito bem, o que é muito bem feito para perder a mania das moitas. Não, não bebi... mas parece.
Às dez da manhã acordaram-me. Melhor, o telemovel acordou-me. Fiquei numa neura! Quer dizer, uma gaja trabalha a semana inteira e depois, no dia em que se pode deixar dormir é que se lembram de me retirar esse prazer. Perdi o fio à meada do sonho delicioso que estava a ter. E gaja que é gaja, pois claro que fica chateada. E ainda por cima choveu. Acho.
- Olá Raquel! (isto dito com toda a euforia)
- Bom dia...
- Bom dia?? Estavas a dormir?
- Estava...
- Desculpa. Olha e logo vamos sair? Ontem disseste talvez.
- Hã? São dez da manhã...por favor! E sim, disse TALVEZ! Depois falamos.
Socorro! Não tenho paciência para este gajo. Já andava a convidar-me para um jantar há colhões. Não aguentava mais. Propus-lhe juntarmos o pessoal todo já que nunca conseguimos estar todos juntos. Ele não ficou muito convenciado, mas lá disse que sim e prontificou-se a jantarmos em casa dele.
Pois, jantar em casa dele, mas depois de uma hora e meia de viagem, esgalgada de fome, quem fez o jantar fui eu.
Éramos onze pessoas. E as gajas combinaram com os gajos que eles lavavam a loiça. Prontamente disseram que sim.
Mas este sim foi antes do Martini, do Vinho do Porto, do Champanhe, do Vinho tinto, e do wisky. E quem é que acabou a lavar a loiça, quem foi? Aqui a preta.
Fiquei fo****, claro está. É que já estavam todos para abalarem e a deixarem o rapazinho com a casa de pantanas. Ok. posso não ter muita paciencia com ele, mas isso tambem é tortura.
E quando o gajo me viu pior que ursa, lá veio. Ele e todos os outros. De forma a que a cozinha parecesse um programa nocturno de televisão: "aprenda a lavar a loiça depois da festa"....foi aí que começou o verdadeiro pesadelo.
Começou a dizer que eu ficava bonita chateada (ai), que podia deixar a loiça que ele lavava (isto já eu estava aterminar) (aii), depois punha-me as mãos na cintura como se me quisesse fazer cócegas mas só conseguia espetar-me as costelas (aiii), até que resolveu ir buscar rosas ao jardim do vizinho estatelar-se no chão sujo da cozinha, aos meus pés, agarrar-se á minhas pernas (perdão, enganei-me, pernitas) e conseguir arranhar-me toda com os espinhos! (aiiiiiii). Isto para não falar de 9 pessoas encostadas aos móveis a preciarem a figura, a filmarem e a divertirem-se à brava com a situação (menos eu, claro está).
Eu bem que os olhava com olhinhos de carneiro mal morto, como quem pede socorro, mas ninguem me ligou pêva. Deixa-os pousar...
Fugi mal pude, mas não me livrei por muito tempo.
Para piorar, o gajo faz-me dores de cabeça. Fala metade em Português, metade em Françês. Claro está que em menos de nada já me perdi porque parece-me que estou a decifrar um enigma. Quando digo que não entendi, ele repete. Mas ainda fico pior. Desisto. E lá vou dizendo que oui, que oui.
A cada mensagem dele fico sempre de olhos arregalados porque nem faço ideia do que ele estará a escrever. Por isso nem respondo. Para quê? Para dizer que oui?
Lá vou apanhando uma coisita ou outra.
Sexy. Isto sei o que quer dizer. O que não sei é se ele naquela correria de palavras me diz que sou ou que não sou. Ou estará a falar de outra qualquer.
"bidon". Não faço ideia, mas bidon, parece-me aquilo em que transportam materiais. Todo redondo e todo direito. Não se referia a mim. Acho eu. Espero.
"bobone". Tudo piora. Parece-me bóbó, broche. Não querido. Não te faço um a essa pila francesa que deve ser intragável. Exactamente, não me esqueci do mundial!
Ninguem se matou, ninguem andou à porrada. Fartei-me de dançar, estou com os musculos todos doridos. Foi divertido estar com amigos com quem quase nunca consigo estar, por vários motivos. E aprendo o que quer dizer desabrochar: tirar da boca! eheheheheheh
Cismo que ainda tenho pedal para andar nesta vida, depois dá nisto. Ainda tive que gramar o gajo agarrado ao meu carro:
- Raquel só mais um beijinho, vá...
Até que disse o nome dele com tal ênfase que creio que ele percebeu que eu não estava para brincar.
E vim para casa satisfeita. A pensar que tinha conseguido. Até hoje, logo pela manhã (para mim ainda madrugada),me ligar. Ai o gajo....
Ele até é engraçado. Divertido de vez em quando. Mas pôrra, pá...é françês! E como é que eu o entendo?
Só me sai disto na rifa....a ver vamos se hoje me safo dele. Nem é por mal, mas não tenho paciência para um homem que pensa que só porque estou em casa dele, tem o direito de andar a passar as mãos aqui pelo meu corpinho. Era só o que me faltava, até o diabo se ria.
Nã... isto não é para mim. Aqui, neste corpinho cada vez mais flácido de sereia, só toca quem eu quero. E a quem não agradar a ideia que tire um bilhete só de ida. Para França.
Acho que me vou é deitar na banheira com água bem quente a transbordar de espuma....ai que sorna, não estou nada bem.
E daqui a nada tenho moitas.
Vá Raquel, mexe-te. Pôrra pá, parece que tens 30 anos! Credo!
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