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Haxixe muito estranho....

Confessado por Mulherde30, em 30.05.05

Vamos lá por partes....


Continuo a usar o perfume, saio em noite de lua cheia...e fico a pensar que o devo ter colocado nos lóbulos das orelhas e que por isso não deu resultado. Cá por mim há alguma coisa que me está a escapar.... hummmm....acho isto muito estranho. Terá sido praga do cubanito? Só porque é possivel que nunca mais me encontre? Aiiiiiiiiiii...que merda.

Vejamos: Trio maravilha (eu e mais duas amigas) sai para as moitas. Óptimo.
Homens: aos montes
Homens bonitos: vários
Homens bonitos de camisa preta: alguns
Homens bontidos de camisa preta e altos: poucos (os portugueses estão cada vez mais baixinhos)
Homens bonitos de camisa preta, altos e com gel no cabelo:3
Homens bonitos de camisa preta, altos, com gel no cabelo e calças de ganga um pouco justas: 2
Homens bonitos de camisa preta, altos, com gel no cabelo, calças de ganga um pouco justas e mãos encantadoras: 1

Pronto, alvo à vista. Homem sedutor...que olha, mostra interesse, faz um jeito com o copo...
Perfeito até aqui, não?
Não.... afinal não.
Há sempre qualquer coisa que estraga tudo...no caso dele foi a compreensão. Abriu a boca e estragou tudo. Ou talvez o defeito seja mesmo meu e esperasse que fosse mais o meu "estilo". É que não tenho sorte nenhuma....

A verdade é que se eu digo a um homem "não" é mesmo não....mas ele acha que eu quero dizer sim
Se digo a um homem "interessas-me", quero dizer que bem que queria passar umas noites quentes na sua companhia....mas ele fica a olhar sem perceber bem o que quiz dizer, mas não pergunta, finje que compreende.
Se digo a um homem "talvez" quero dizer isso mesmo: talvez sim, talvez não... mas ele compreende conforme lhe der mais jeito.
Se digo a um homem "liga-me" é mesmo para ligar, não é para se fazer de importante. Detesto essa merda.
Isto é mesmo assim: queres queres....não queres fode-te.
Se olho para ele timidamente e baixo os olhos é só mesmo por timidez, com medo que perceba que um linguado até ia bem....
Se digo "hakuna matata"...só quero dizer que está tudo bem, não percebo onde está a dificuldade de se compreenderem as mulheres... (se bem que há por aí umas quantas que nem eu percebo, adiante)

Resultado: as palavras têm mesmo mistérios escondidos em si....diz-se uma coisa, mas o que se compreende do outro lado, costuma ser um pouco diferente.

Cá por mim deve ter havido uma peça qualquer que deus se esqueceu de lhes atribuir....é que Adão veio primeiro....e veio-se primeiro ( foi aí que nasceu o egoismo)...e ao vir-se perdeu a capacidade de compreensão do que realmente as mulheres querem dizer.

E escusam de me criticar....porque é verdade. O contrário tambem, só que não me atinge.

Mas adiante: tanto escolhi que as amigas desapareceram com uns colegas e eu fiz todo o caminho de volta a casa sozinha, com a sensação que tinha esquecido aguem.
Pronto, era giro, interessante, essas merdas...mas falta sempre alguma coisa. E não posso ser excepção....quem muito escolhe pouco acerta.

Mas como confissão: não me apetecia nada estar de amassos com ele...nem com nenhum outro. Apetecia mesmo conversas daquelas animadas de ir às lágrimas pelo humor...
Acho até que é por isso, pelo receio que estraguem tudo mal abrem a boca, que sonhei que um me dava a mão, me levou à praia com a lua a fazer de candeeiro, nos enrolámos ali sem dizer palavra....
E tenho medo que isto até vire trauma....

publicado às 15:31

Agora...

Confessado por Mulherde30, em 27.05.05

Estou naqueles dias de assentar ideias, de traçar trilhos, de organizar os dias...

Talvez porque o sol fez birra e hoje não apareceu. E por isso me vou deixando levar pelos sonhos.... pelas pessoas que vão cruzando o meu caminho sem querer saber quem são. Pelas pessoas que nada acrescentam...e pelas outras que mudam tudo.

E de minuto a minuto vêm à cabeça imagens que até pensava já ter esquecido. Talvez porque esquecer é a melhor forma de não lembrar.
Agora, neste instante, relembro um braço que se encosta ao meu...uma boca que me rouba um beijo. Um olhar que me arrepia.
Só que agora não quero lembrar... o tempo ainda não fez tudo o que devia...e lembrar ainda dói. Agora não...quem sabe amanhã?

Lamento.... mas agora não quero dizer mais nada. Talvez porque nesta confusão não encontre nada que valha a pena dizer.

publicado às 16:28

Já nem digo coisa com coisa...

Confessado por Mulherde30, em 24.05.05

Venho aqui a correr muito....a correr mesmo mesmo muito.
É que não tenho descansado nadinha. E ando aqui com corpo e alma nas 5 mil rotações.

A noite do Porto foi potentissima.... tanta gente gira que apetece ficar por lá. Via Rápida.... diz-se tudo!
E os homens....ai.... homens do norte, com chiwawa.... as do norte devem saber o que quero dizer. Ou serei a unica a sentir assim? Vai na volta, sou mesmo....fuck.

O casamento deve ter sido do mais divertido que me lembro de ter assistido. A folia foi até às 7 da manhã...claro que as ultimas horas era só um grupinho que por lá se conheceu e resolveu acabar a noite num local fantástico por sinal, muito perto da praia de Mira. E tenho tambem que me confessar que no grupo havia por lá um ou outro muito entusiasmadinho.
Cá para mim, deve ser o perfume que finalmente anda a fazer efeito. É que é tiro e queda, deve ser uma fase....(ai, só espero que dure muito tempo, esta fase)...olho para um, pronto. Em menos de nada está ao meu lado. Isto não me é muito normal...então só me dá para rir.

Um dos musicos....encantou-se por mim.... o que me havia de sair na rifa....
E ainda por cima cubano. Não tenho sorte nenhuma! É que tudo o que aparece são de longe como o caraças...mas ele diz-me baixinho ao ouvido que acredita no amor à primeira vista. O problema é que eu não.
Aiiiiiiiiiiiiiiiii....mi cubanito.

Se bem que ser de longe até pode ser vantagem...assim não me fo** muito a paciencia.

Adiante.
Pronto.... que o Benfica ganhou todos sabem. Se eu sei....significa que todo o planeta e arredores está ao corrente.
Eu sou verdinha, mas como o que quero é festa non stop tambem fui comemorar....ah pois!
E na festa...mais um de roda. Um dia destes tenho que usar é perfume a cheirar a raticida...porque depois não sei muito bem como descalçar esta bota. Mas atenção que me porto muito bem...cá para mim eles é que acham que têm hipotese, não sou eu quem o diz.... E se não digo é porque não têm. Só acho engraçado andar numa fase que me apetece "brincar" com os homens que me caem no regaço de paraquedas, vindos não sei de onde.... e que tal como aparecem, desaparecem.
Desde que não toque em sentimentos. Era o que me faltava apaixonar-me perdidamente por algum....ou pior que isso: algum por mim!
Ficar ali naquela linha de dizer as coisas que se podem ler com outras intenções, nos piropos, nos olhares...essas merdas.
E como andava tudo com a bebedeira foi engraçado.... e já se sabe, com a bebida os homens soltam a lingua e fica-se a saber cada uma!


Ontem estendi-me na praia a dormir porque já não aguentava o cansaço. Resultado: as costas todas vermelhas. Bem feito, o protector estava lá, eu é que com a preguiça nem me dei ao trabalho. E hoje tenho que andar sem soutien porque nem o aguento. As maminhas já mexem mais do que deviam, mas mesmo assim, ainda se aguentam. E até disfarço. Desde que não arrebitem os mamilos, tudo sob controle.

Nesta ultima semana, têm acontecido coisas alucinogénicas...daquelas que me fazem duvidar se foram ou não verdade....e com isto, o telemovel não pára de tocar. Quer dizer que agora já não posso dizer: ah e tal, ninguem me liga....

Bem, vou indo porque a vida lá fora chama por mim...e o sol está fantástico para me sentar e quem sabe pensar um pouco no resto...naquilo que tenho aqui dentro e que tento deixar sempre para pensar noutra hora. Talvez por isso ocupe o tempo assim: para não ter que me enfrentar.


E o amor anda no ar.... é que eu apanhei o ramo da noiva.... caiu-me literalmente nos braços. E isto deve querer dizer alguma coisa....
Eu bem que me tentei ver livre dele, mas nenhuma outra o quiz. Mas lá porque sou divorciada devo ter direito a uma nova hipótese de tentar ser feliz...digo eu.
Mas casar? Isso não, por favor.


Como confissão: Mas vistas bem as coisas, até que uma paixão daquelas arrebatadoras me iria fazer bem... quem sabe?
É que o verão está aí...

publicado às 16:06

Dias de 48 horas...

Confessado por Mulherde30, em 20.05.05

Que correria!
Mas porque raio todo o mundo se lembrou, ao mesmo tempo, que eu existo?
Passo os dias a viver 48 horas... tenho os meus neuróniozinhos a perder as energias.
Hoje precisava descansar. Deitar cedo, ouvir um pouco de musica...de preferencia não pegar na máquina de filmar, para não fazer concorrência aos realizadores ....e dormir.


Mas não, nada disso.
- Raquel, logo Porto?
Eu nunca consigo dizer que não....
Nem quero ver como vou fazer....sim, já sei que ir para o Porto significa chegar a casa às 8 horas da manhã...(porque tenho respeito e não quero acordar ninguem às 5. E porque as meninas não andam de noite...portanto tenho que chegar de dia.)

Até aqui tudo bem. Não fosse ter o casamento amanhã. Que merda.
Lá vou eu de olheiras até aos confins do inferno. E corro o risco de adormecer na igreja.
Mas é daqueles casamentos que não posso falhar.
Casamento de amiga. Eu tenho que estar presente, para que de uma forma ou de outra possa dizer que abençoo a união...e quero apenas que seja feliz.
E se não for pedir muito que se aguente mais que eu...que diga-se, não me aguentei nada.

Os casamentos comovem-me. Sentir que a partir dali, duas pessoas vão unir as vidas e caminhar em conjunto (supostamente). Não choro...antes pelo contrário. É uma festa, quero brindar, quero rir, quero dançar.
Mas este casamento vai ser uma foda muito mal dada por várias razões.
1º... vou de cor de rosa. Choque. Cor de rosa choque. Pareço uma elefanta dos desenhos animados. Mas as amigas insistiram que aquilo é que me fica bem....e realça a sensualidade que elas dizem existir em mim ( que pelos vistos só elas vêm)...
2º ...vou sozinha... e a unica pessoa que conheço lá é a noiva. Não me parece bem ir sentar-me ao lado dela.

Já a avisei para me colocar na mesa dos homens desimpedidos...daqueles solteiros, altos e giros...e dos divorciados sem filhos altos e giros.
Como ela anda com os nervos em franja, não sei se me ouviu.... e na despedida de solteira, como teve direito a strip privado e tudo...penso que deixou de ouvir seja quem for.
Pudera, se eu tivesse um morenaço daqueles a fazer aquelas coisas só para mim, quase que enlouquecia...mas no meu caso compreende-se porque estou a chegar àquela fase do atraso (15 dias sem sexo já é atraso, no meu caso já é mais que isso.)

Mas quem sabe se não encontro um giraço no Porto e mate dois coelhos com uma cajadada só? Saio do atraso (esta não me parece)...e tenho companhia no casamento (tambem fora de hipótese...vai que ele é um chatinho daqueles?)

Não há solução...vou cansar um pouco mais o corpo antes que dê o tilt...e amanhã vou toda vitaminada para o casamento. Talvez tenha a sorte de ficar perto de alguem que me desperte o interesse.
É que ultimamente, tenho conhecido muita gente, mas coitadinhos... é mesmo lixado. E eu, já se sabe, sou perita nos "defeitos": é alto, é baixo...é gordo, é magro...é louro, é moreno...calças largas, calças justas demais...usa camisa, usa t-shirt... puxa!
E ainda por cima sou o poço da timidez! è que não tenho sorte nenhuma...
Mas diga-se que não uso armas para conquistar ninguem. Fico naquela...olho, olha...olho, olha...e depois vou embora. Podia esforçar-me um pouco mais, mas como não mexe com a líbido, não vale a pena. Sim, eu sei que dificilmente dormirei com um assim no 1º olhar.

Portanto....quem vier, já se sabe, tem que se esforçar. (é por isso que nem avançam, vêm logo que sou daquelas que dá uma trabalheira para levar para a cama!)

Bem....eu sei que me vou divertir. Divirto-me sempre. Basta querer...e se encontrar quem alinhe na minha folia, vai ser a loucura total.


publicado às 16:44

Hoje não quero saber....

Confessado por Mulherde30, em 18.05.05

Nem sei o que faço aqui....

Cidade tão estranha, tão distante, tão vazia.
Que raio me passou pela cabeça para entrar no comboio e perder-me assim?
Talvez precisasse.
Na loucura, quase sempre encontro um equilibrio....e certas loucuras trazem-me uma sanidade que não encontro noutro lugar.
Talvez sentisse a necessidade de ser estranha a todos, de me perder para ser quase igual, não ser diferente.

Deambulo por lugares desconhecidos, que tambem não me apetece muito conhecer.
Não hoje. Hoje não quero saber.

Recosto-me no banco traseiro de um taxi e olho a cidade. Vejo-a.
Talvez nem seja assim tão feia...talvez agora que faço este percurso com a alma calma, lhe consiga adivinhar outra beleza.
Levo os óculos escuros e o taxista olha-me de quando em vez de soslaio. Não me incomodo. Hoje não quero saber.

Deixa-me à porta do hotel e pergunta se preciso de ajuda. Estranho....aqui ninguem ajuda ninguem...
- Não, obrigada.
Deito-me na cama e ouço o som abafado do transito.
Hoje precisava estar assim. Num quarto de hotel. Impessoal.
Amanhã, quando partir nada de meu ficará aqui. Quando chegar um outro alguem, é como se nunca eu tivesse existido...e no entanto levo a história na memória.
É a minha, não a posso abandonar.

Vou para junto do rio...quem sabe ele me banhe os pés.
Corre uma brisa, que ao passar nas folhas das árvores, provoca um som como que se me pedisse silêncio. Ainda bem, hoje tambem não me apetece falar. Preciso ouvir o coração que grita e que não lhe entendo as palavras.
Um vento mais forte arrepia-me a pele. Eu gosto. Faz-me sentir.
O sol brilha não muito quente...mas talvez seja o suficiente para me aquecer o peito.
E ao reflectir na água dá-lhe uma tonalidade azul... e uma beleza como que se as pequenas ondas fossem gaivotas com asas de cristal.


Passam os teleféricos.... como passa tudo em nós.

Talvez seja hora de partir....talvez seja hora de regressar a casa, de refazer histórias. De colocar "talvez" em vez de não, de colocar reticências em vez de um ponto final.

Espero o combóio e vejo o quanto sentimento paira neste ar. Talvez por isso esteja sempre vento aqui...para levar para longe palavras que se dizem no ouvido, gestos que me causam ternura.... lugares de quem se abraça porque parte e porque chega...lugares de encontros, de desencontros....de começos, de fins... de partidas, de chegadas.
De lágrimas, de sorrisos...

Tambem eu já vivi tantos momentos assim. Mas hoje não. Hoje não me despeço de ninguem, nem ninguem me esperou à chegada.

Entro no combóio e tenho o coração tão leve que me esboça um sorriso.
Ainda bem que vim... sinto-me feliz.

Mas hoje não me apetece explicar mais nada.
Hoje não quero saber.


(Lisboa tem o seu encanto....)

publicado às 12:10

Desencanto

Confessado por Mulherde30, em 15.05.05

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Deixei-me levar toda a noite por caminhos que não conhecia só para me perder no meio da multidão. Saí da minha cidade, fui para longe só para não pensar nas correntes, so para esquecer. Só para cansar o corpo e dar descanso à alma.

Há coisas que não consigo entender, nem aceitar. Há atitudes que me magoam e que queria nem ter que as sentir, mas sinto. Não posso voltar atrás, não posso voltar ao dia em que sentia que tudo ia dar errado, mas mesmo assim arrisquei....talvez na esperança que a intuição podesse errar.

Mas sinto que a minha atitude aliviou um peito que não o meu. Dei um passo por alguem.
Um passo que não queria, mas dei. Melhor assim.
Agora a ausencia tem uma razão. Tem tantas! Tem a razão da minha atitude e tem as outras que eu sei.... aquelas que a intuição já me grita há tanto tempo!

Ponto final da história que nunca devia ter começado. Da história que me fez acreditar outra vez. E tenho pena que seja assim...tenho pena que nesta história só exista uma personagem que sente. Afinal, quem ficou sem respostas, fui eu.
Não importa... a dor e mágoa passarão. Será tudo apenas a lembrança do erro que não devo voltar a cometar. Só isso.
Viver e esquecer. Mesmo que custe aceitar que tudo tenha sido faz-de-conta.
Penso se por vezes as pessoas têm a noção do que causam com determinadas palavras ou atitudes. E sei que nós sabemos quando passamos certas linhas, sabemos o que pode acontecer... sabemos que há caminhos sinuosos onde nos aventuramos, mesmo com medo. Caminhos em que depois se torna dificil voltar atrás.
Mas sempre paguei para ver...e neste caso, pago um preço alto demais...

Mas chega o dia em que vamos juntar peças, montar puzzles e vimos que afinal, desde o inicio, era tudo ilusão. Era tudo apenas para matar uma curiosidade, era tudo apenas para testar limites, era tudo apenas para brincar um pouco aos sentimentos.
E nessas uniões de peças, vimos toda a história. De repente compreendemos tudo o que estava há tanto tempo à nossa frente e, por carinho, recusávamo-nos a ver. Mas estava lá desde o inicio.

Agora sei o que já sabia e que por teimosia me recusava a aceitar. Agora sei o porquê dos planos que não se concretizam, agora sei. Tudo ficou tão claro. E o silêncio, até ele, me dá as razões que as vozes não falam.
Perdeu-se o encanto.
Afinal, não era sentimento de espécie alguma....era nada.
Quando há laços que nos unem, há respeito, há consideração. E as palavras neste instante tornam-se tão banais, tão sem conteudo, tão vazias... volto no tempo e vejo até que ponto pode ir alguem só para conseguir algo que nem sei o que é...até que ponto se engana e se finge ser uma persongem num teatro que constrói, só para depois ter o prazer de abandonar a cena.
E ao pensar em tantas palavras ditas, em tantos momentos, pergunto-me se esteve em algum deles. Esteve lá? Onde? Foi tudo tão desprovido de ternura? Foi tudo intenso só para mim? Onde se perdeu quem entrou de mansinho? Onde está? Algum dia esteve?

Queria esquecer, não lembrar...queria não pensar em quantas barreiras cruzei para que, do nada, se tenha mais uma decepção a juntar a outras. E saber que uma luta não vale a pena, dói. Como dói saber que nada valeu a pena.
Histórias que ficam mal contadas, por acabar.
Melhor assim...guardam-se naquela gaveta de sentimentos jogados fora... naquela gaveta onde ficam as histórias fingidas, enganosas e repletas de mentiras.

Mas já pouco imorta.
Lutei demais, falei demais, senti demais, chorei de mais, dei de mim muito mais do que devia, esperei demais... tudo por algo que nunca valeu a pena. Já não quero ocupar as horas em esperas inuteis...já não quero esperar pela coragem de se dizer, por uma vez que seja, as verdades...mesmo as mais crueis. Ouvir apenas o que o nosso intimo nos diz...mas que falta a prova. Mas que pelo menos, assim, sabemos os porquês. Ou inventamos...

O que quero, é tiar este aperto do peito...desatar os restos dos nós.
E sei que uma vez mais, irei conseguir.
Nem sei o que escrevo... de tão confusa que estou.

Pouco importa....o tempo trará todas as respostas...

publicado às 18:55

Parabéns...

Confessado por Mulherde30, em 12.05.05

Hoje levei-te uma rosa. Como em todos os anos.
Sei que já não vale de muito, ou de nada. Mas sempre gostaste de flores e por isso sempre tas ofereci.
Dizias que as flores e as mulheres eram as obras primas de Deus. Eu acreditava. Acreditava porque sempre me falaste as coisas importantes sem mentiras, sempre me disseste até as coisas que me custavam ouvir. Mas por amor, nunca me magoaste.
E as palavras ficam para sempre, não as esqueci.

Hoje é o teu aniversário.
Não te posso dizer: Parabéns papá. Ou talvez possa. Talvez agora consigas ouvir o que diz o coração e já nem sejam precisas palavras.
É por ti que não temo o futuro. Por me teres dado a força e a coragem de seguir a vida por mais terrivel que tenha sido a nossa dor.

É saudade, sabes?
Por vezes é mesmo preciso deixar de ver para sentirmos que alguem nos faz falta. E tu fazes, tanta!
E não há um dia em que não lembre o porquê do meu nome, que me deste com uma razão, com um sentido. E não há um unico dia que não lembre de ti.
As coisas grandes exigem palavras ainda maiores...e tenho receio que as minhas simples palavras não possam dizer as grandes verdades acerca de ti.

Hoje o almoço foi silencioso... à nossa maneira lembramos-te e não é facil falarmos. Somos a familia que sempre quizeste e amaste. Amamo-nos e somos os alicerces uns dos outros. Só faltas tu. Tu que eras o principal pilar.

Nenhuma lágrima que derramo por ti é em vão, nenhuma. E custa-me sempre falar sobre o homem que foste e que és, porque dá aquele nó na garganta que se transforma em lágrimas...por raiva da vida te ter levado. Por dor de não te ter por perto, por não ter o teu riso que juntavas ao meu...por não ter as tuas palavras que sempre me apaziguavam o peito.

Sempre me falavas por parábulas. Recordo-me de me dizeres que, quando conduzimos o nosso pequeno barquinho em mar calmo, em vez de confiarmos, devemos ficar alerta. É nesses momentos de mansidão que mais facilmente perdemos o norte. E tinhas razão, como sempre. E ao longo dos anos, tenho perdido várias vezes o meu rumo.
Tu eras o meu verdadeiro norte.

É por isso que me orgulho de ser tua filha, de ter tido como pai um homem como tu. Um grande homem...

Neste instante em que te escrevo, as lágrimas deslizam num rosto e caem num peito cansado por estar tão vazio de ti!
Continua aqui perto. Não deixes que o teu rosto vá perdendo os contornos, não deixes que da minha memória se esbata a tua presença, a tua voz. Ainda recordo o teu cheiro.
Ainda imagino que a qualquer instante te possa ver outra vez.
Tenho saudades. A saudade não se explica...
Não te vejo, não te ouço e sinto-te.
Ilumina o meu caminho.... é por te sentir tão perto que nunca me sinto verdadeiramente só.


Amo-te, pai.
Mas tu sabes disso. Agora já sabes.

publicado às 15:30

Doce amanhecer...

Confessado por Mulherde30, em 11.05.05


Depois de uma noite turbulenta, acordei com uma vontade louca que a chuva miudinha trouxesse aquela melancolia boa de domingo de manhã...quando nos enroscamos num peito de ternura, envoltos em carinhos que nem sempre se dizem mas se mostram em caricias e toques...ou até, quem sabe, ficar assim acordada em conversas de travesseiro sem sentido algum.
Mas hoje não é domingo.

Chove lá fora...e cheira a Verão. Os dias são mais longos, as noites mais quentes. E as noites quentes, já se sabe, trazem sempre um mistério contido que apetece desvendar de cada vez que o sol se põe. E as minhas noites trazem-me um sabor a eterno... pouco importa que terminem ao raiar da aurora. Serão eternas enquanto existirem. Ficarão na memória, naquela parte que ninguem pode arrancar de nós.

As roupas são bem mais leves e apetece molhar o corpo com água pura. É o que faço...caminho pela rua pouco me importando que os cabelos se encharquem...vem aquele cheiro a terra molhada que me faz sentir com gosto cada gota de água que desliza no rosto.
Eu gosto de chuva. Em dias assim...


O sol teima em mostrar-se, escondendo-se...como se brincasse ao faz de conta. Não seremos todos assim?
Ao final da tarde apetece a esplanada com os amigos, de conversas perdidas que se perdem nas horas...nas horas que avançam pela noite e que na noite se perdem horas em corpos que não nos são nada. Eu observo...
Vejo as amigas que conquistam, que são conquistadas... e sempre teimam em me arranjar um par.
Tenho aspecto de quem precisa de par?
Tens!- dizem-me em coro.
Talvez...mas sou eu quem escolherei, quando for a hora. Rimo-nos com tantos defeitos que coloco em todos quantos me apresentam... elas sabem como sou.Mas elas escolhem bem, sabem que tipo de homem me atrai, me faz olhar e desejar... elas sabem. Mas eu sou timida. Tenho as minhas barreiras, as minhas muralhas...portas que fecho devagar para que alguem saia. Mesmo quando querem entrar. Ou até quando eu desejava que não partissem.
Desencontros...
Nem sempre é o momento. E quando é, sente-se. Da mesma forma que se sente que alguem nos quer, nos deseja e não o diz.

Sou resolvida...para entrar um novo homem, preciso que saia o anterior, nada de misturas. Preciso sempre de tempo para me apaixonar...e quase sempre escolho por quem me apaixono. Outras vezes sou escolhida. Acaba sempre por ser aquele que deixo entrar na minha vida devagar, que deixo que me conquiste, que tento acreditar nas palavras e depois, do nada, dou por mim a adormecer e a acordar com um unico pensamento. O peito deixa de ter aquela sensação do vazio, a boca deixa de ter um sabor amargo, e no estômago acontece uma revolução de borboletas.
Deixo que a paixão aconteça, depois, bem.... passo as noites de câmara na mão a fazer filmes, a sonhar acordada... e sonho tanto!
A paixão torna-nos pateticos. E tem o outro lado: faz-nos sentir que somos donos do mundo. Sentimos que o fardo dividido é bem mais fácil de carregar.

E por vezes, por medo, só no receio de fracassar, não embarcamos numa viagem que nos faz perder os sentidos e quem sabe, sermos felizes. Ou o medo de mostrar o que o nosso coração tanto grita e a boca cala... o medo de que depois fique um nada sem sentido. O medo de utilizar as palavras que podem mudar tudo.
Valerá a pena não tocar em sentimentos que nos podem entorpecer? De que valem as palavras que ficam presas, guardadas em nós? De que valem os sentimentos se não forem partilhados? De nada, valem nada. Quando a paixão nos faz fugir em vez de agarrar alguem que tambem nos quer bem... ficam as histórias guardadas nas gavetas, por viver.
Podia ser tudo tão simples....

O medo de sofrer. O medo de perder o pé. O medo de nos aventurarmos por caminhos sinuosos que não têm lógica nem razão, por medo de cair. Mas muitas vezes, cair é a unica coisa que vale a pena. Porque ao cair podemos ganhar asas...
Cair na tentação do prazer carnal, deixar que os gritos contidos no peito se libertem, que os olhos vejam muito mais alem.

Os amores loucos, insanos...
Os amores serenos, tranquilos...
E eu sei que me vou apaixonar muitas vezes.


publicado às 17:35

Encontros...

Confessado por Mulherde30, em 10.05.05

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Tenho cansado o corpo para dar descanso à alma...e gosto. Afinal, tenho conseguido uma visão tão diferente da vida, tão melhor!
E sinto esta paz.

Passaram-se coisas intensas demais nestes ultimos dias, mágicas até. Daquelas coisas, que tenho até receio de acreditar que possam ser verdade. Mas foram...sinto-o na pele, na memória.

Nas noites procuro sabores que reconheço pelo cheiro em copos sem vida. Procuro a vida em copos sem sabores...
E perco-me em sorrisos que me oferecem e em corpos que se dão e que recuso. Não quero isso, não hoje, não agora.

Sei que estou só por opção...e no entanto tão cheia de tudo. Os amigos que se chegam, os conhecidos que aproximam...os desconhecidos que tanto querem conhecer. E sei que o desejo que me enlouquece é temporário. Não quero corpos que se despedem pela manhã...não quero, querendo. Porque tambem não quero um corpo que fique.
Nas horas de loucura nocturnas, vejo os olhares que me desejam, os olhos que se fixam, os sorrisos...

As insanidades das noites fazem com que os dias tenham horas que lhes invento...só para que tudo não termine agora que o sol já começa a clarear o céu.
No cansaço, olho-me e amo tudo o que sou.
Afinal vivi. Afinal em todos os momentos enfrentei a vida de frente. Afinal ri e chorei nos momentos em que tinha que ser assim.
A vida recomeça a cada dia.
Hoje olho-me num espelho que não mente e sei que escolhi os trilhos errados, mas que na altura me pareciam os melhores. E na verdade, faria tudo outra vez, com a mesma força, com a mesma coragem.

Sei que este patamar onde estou é o topo. Amanhã já não será, mas hoje é...hoje tenho a seriedade de ver o mundo na plenitude de quem sabe que tudo está ao meu alcance. Que me posso dar por amor, que posso recusar amores e mesmo assim, ser feliz. E sou. Sou feliz. Muito. Sou feliz porque percebi.
Poso mudar e escolher sem esquecer tudo o quanto fui. Foram todos os passos que dei que fizeram tudo o quanto sou. E continuo a sonhar...

Do nada aparecem pessoas que nos mostram que a vida não é esperar, é viver...e não viver, esse sim, é o maior pecado.
E a vida, a todo o instante, provoca os encontros...

Como confissão: Vou continuar nesta busca incessante, e aproveitando cada minuto de paz, de serenidade e de felicidade que atravesso... vou beber sabores com odor a eterno, nestas noites que me fazem dilatar a pupila e ter desejos satânicos.

publicado às 17:59

Pele que grita...

Confessado por Mulherde30, em 05.05.05

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Os dias têm sido imensos...e as noites, essas, longas demais.


E tenho pensado em tanto que vivi, em tanto que esperei, em tanto que não consegui.
E o pior, muitas vezes, é não ter respostas para perguntas que faço. Talvez sejam sem sentido. Rodopiam em mim como se me quisessem sofucar. Mas eu não sei, não sou eu quem sabe as respostas. E tudo me parece ser possivel.
Abraço-me na ânsia que o sono chegue depressa, que afaste imagens de mim...


E no meio de pensamentos destroçados, sei que algures fiz tudo errado, só não sei onde.
Cruzei linhas que não me eram permitidas, acreditei em palavras. Uma vez mais acreditei...uma vez mais me decepcionei.
E quantas vezes não decepcionei eu alguem?
Quantas vezes não dei o que esperavam de mim? Um carinho, uma palavra, qualquer coisa que nunca deixei sair. Quantas vezes magoei sem saber?

E sei que perco. E perder, quase sempre dói.
Sei que acreditei em algo que afinal, a vida me provou mais uma vez, que não existe. Mas eu teimo. Eu preciso saber, mesmo que as palavras me tragam a maior mágoa. A mágoa passa, as palavras ficam...mas pelo menos sei. Fico sem duvidas. As duvidas que me fazem ficar acordada e dividida entre o querer e o dever. A duvida que não me deixa saber qual é, afinal, o meu lugar: se longe se perto.

As vozes que nos chegam de mansinho, que nos garantem ser diferentes e que nos provam que são iguais.
As vozes que querem algo de nós que não somos capazes de dar, que nos pedem o que nós tambem pedimos.

Fecho portas devagar...rasgo a pele com as palavras que não posso dizer...com prazeres que não me são permitidos.
Porque o coração está cá...batendo mais calmo, dorido...mas vivo.
E num dia qualquer tudo será lembrança. E num dia qualquer já nenhuma palavra fará qualquer diferença. E num dia qualquer já não há regresso. E num dia qualquer a memória já nada nos traz. Talvez venha um sorriso de saudade, talvez...
Porque num dia, eramos tudo...no outro nada.
Porque nesta vida de faz de conta...passamos de bestiais a bestas com tanta facilidade como de bestas a bestiais. E não compreendo. Ou talvez compreenda, mas não aceito ser igual. Não quero ser. Não posso ser.
Era tão mais fácil se todas as palavras fossem ditas...se não houvessem máscaras ou fingimento...tão mais fácil! Era tão mais fácil poder olhar e dizer tantas coisas que o coração grita e que a boca cala! Era tão mais fácil poder odiar. Mas sou assim: quando gosto, gosto. E nunca sou capaz de deixar de lado esses amores, esses sentimentos... mesmo que só me façam mal.

Porque se fala o que não se quer? Porque se diz o que não se sente? Porque se fere quando se quer apenas amar?
Sinto-me cansada de uma guerra que não escolhi, que não procurei e que me faz sofrer.
Uma guerra que chegou sem me avisar... e que partiu deixando-me derrotada.
Não quero mais, estou cansada.
Quero que o tempo volte atraz e refaça todo o mal que fiz...todas as decepções que causei... ou que o tempo passe depressa e me permita esquecer.
E sei que isso vai acontecer.
Sei que na mágoa vou aprender de novo a acreditar...e quem sabe amar.

Que as lágrimas deslizem pela face, que se transformem em pedras e que em pedra se torne o meu coração.
Porque se sofre sempre por quem menos merece?

Há tantas arestas que preciso limar! Tantas correntes das quais preciso me libertar! Tantas palavras e gestos que preciso esquecer!

E como confissão: sim, estou carente. Queria apenas aquele abraço que apertado e triste me pudesse fazer chorar. Preciso tanto libertar-me de lágrimas que tenho presas em mim...queria tanto ouvir uma voz que me dissesse: Gosto muito de ti.
E que por essas palavras a pele se rasgasse e gritasse: Tambem eu gosto de ti. Muito.

Quem sabe então assim...

publicado às 16:58


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Velhas confissões

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