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Tudo aquilo que sou...
Fotografia: Luis Xavier
Socoooorrrroooo!!!!!
Está um frio de congelar o grelo....credo!
Mas quem é que saiu e não fechou a porta!?
(Fotografia retirada por reclamação do seu autor (Alexandre Pontes). O mesmo, depois de a ter publicado no site Olhares, ficou ofendido por eu, Raquel, não lhe ter pedido autorização para a usar. Há espécies assim...)
Porque a noite chegou de mansinho, anunciada por um céu em tons laranjas, vermelhos e azuis... e lentamente, ficou a chamar o meu nome. Vezes sem fim, repetidamente, sem cansaço.
O meu nome nas luzes que reflectem no rio, nas pedras da calçada, nos olhares dos outros, nas estrelas, nos becos e nas ruas, na musica, no silencio, nas vozes dos bichos e dos anjos... em todos os lugares o meu nome.
Fecho os olhos, inspiro. Sorrio.
É hoje. É hora. É agora...
Vou sair por aí...e com estas mãos tocar o amor, num toque de pólen para depois lembrar.
Hoje eu vou deixar...
Deixar que a pele grite...
Deixar que a pele queime...
Deixar que a pele arrepie...
Que a alma vagueie, destemida, por entre todos os lugares.
Sorver a vida assim, numa taça de champanhe, na pressa de quem não quer acabar. Na lentidão de todos os sentidos, num torpor... com a precisão do tempo, nem antes nem depois.
Ser carne, alma, corpo, ser suor, tesão, paixão, sangue, ser coração acelerado, ser ponte, ser rio, ser mar... ser travo a saliva, desejo, ser vontade, ser alfa e ser ómega, ser jogo e jogar, ser dama e ser eu... ser tudo e ser nada. Dar tudo sem nada dar.
Sem nunca deixar de ser ser...
Hoje será assim.
Não foi ontem porque não era tempo, não será amanhã. Amanhã será tarde demais.
É neste instante, neste momento. Não pode ser doutra maneira.
Hoje quero que seja assim. Sentir o arrepio, o vazio, todas as galáxias em mim...
É noite lá fora... e eu vou deixar.
Deixar que a paixão entre devagar.
É que penso que está há tempo demais batendo à porta, baixinho....
Fotografia:?
Foi quando arrumava, por ordem de leitura os livros que li no ano passado que as encontrei.
Caíram-me no regaço por um acaso. Ou talvez não.
Talvez fosse mesmo para ver toda a evolução disto a que chamo vida, deste espaço que muda e que nos faz mudar. Destes momentos que nos transformam, que não nos deixam ser amanhã o que somos hoje. Desta luta constante em que muitas vezes, pensamos ser vencedores e afinal somos vencidos, quando de repente tudo muda de lugar.
Destes momentos que passam e ficam ao mesmo tempo...uns a correr, outros devagarinho, lá fora e dentro de nós.
E um dia, ao vermos todo o caminho, apercebemo-nos que muitas vezes, quem perdeu, afinal, foi quem mais ganhou.
Quantas voltas a vida dá...quantas voltas dou eu sem sair do meu lugar...
As cartas. Todas as que te escrevi, todas dobradinhas cautelosamente dentro do livro. As cartas que nunca te enviei.
Assim não valem de muito, não é?
Mas na verdade não escrevi nada que não te diria se me tivesses dado a oportunidade. Nunca tive a oportunidade, nunca enviei as cartas, tudo ficou assim, a pairar.
Como tantas outras histórias de amor. Aquelas que nunca foram, as que podiam ter sido e não foram,as que foram e que não deviam ter sido. Todas as histórias de amor são iguais, não concordas?
Peguei nelas, fui para o banco que está na beira do rio e fiquei lá, ao sol, a reler cada uma das palavras.
Hoje já não me parecem ser assim tão pequeninas, como naquele tempo. Eu pensava que por mais que escrevesse, dificilmente chegaria ao patamar do meu sentimento. Achava-te grande demais, a paixão imensa...e todas as palavras pequeninas.
E hoje... tudo ao contrário. Tu é que, afinal, és pequeno. O meu sentimento grande, mas já não por ti, as minhas palavras ainda maiores...e tu lá em baixo reduzido.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizem. Eu concordo. Como tudo se resume a nada.
Recordo aqueles castelos imensos das histórias de encantar...imagino-os com o passar dos anos, sem serem cuidados. Um dia, serão ruinas. Tudo aquilo que eu pensava ser paixão, está assim, em ruinas. E sabes?, nem me importo com isso, nem me dou ao trabalho de mexer uma pedra para compor melhor o cenário. Já não quero saber. E quando nos desinteressamos, já pouco importa.
E fico feliz...sinal que já não dóis, sinal que já não espero, sinal que finalmente aceitei que ver-te nunca mais, não custa tanto assim.
Corroía-me pensar que nunca mais te veria. Mas inevitavelmente passei pelo momento de aceitar essa verdade, mesmo sendo cruel, para que tudo ficasse mais suportável. Nao sei ao certo quando foi...penso até que nem dei por isso. Devem ser aqueles processos de transformação que acontecem connosco enquanto andamos distraidos. E eu ando sempre distraida.
Li tudo numa calmaria de uma tarde solarenga, na beira do rio que banha esta cidade linda em que moro. Havia ali uma nora, sabes? Ainda me recordo dela...de roda, de roda, sempre à nora. Eu tinha medo de cruzar a ponte a pé. Parecia-me tão alto! Afinal, é baixo. Quem vê o rio no Verão, não imagina que no Inverno galga as margens e transforma a baixa da cidade num caos. E lindo, mesmo assim.
E na praceta havia um coreto. Era lindo...subia lá e imaginava o que era ser-se grande. Às vezes acho que sempre fui grande, que antes de ser já o era.
Lá em cima, na igreja, vê-se todos os campos que ladeiam o rio.
Ninguem sabe muito bem se foi o rio que deu o nome à cidade, se foi a cidade que deu o nome ao rio. Nas fotos que ainda existem num ou outro local, ou até mesmo nos painéis de azulejos, vêm-se os barcos que por aqui passavam com o sal trazido daqueles montes que reluzem ao sol, que fazem doer os olhos da brancura, lá longe, nas salinas.... ha muitos, muitos anos.
É assim que me pareces tu, hoje. Como se te conhecesse apenas porque te vi numa fotografia, ou num painel. Tudo o resto é fruto da minha imaginação. As palavras, o compromisso que me pareceia ter sido feito num silencio...tudo. Até tu eu imaginei...
Hoje é assim que tudo me parece.
Ficaste tão longe, tão lá atras. Espero que apenas que o sofrimento que me causaste tenha sido em prol da tua felicidade. As respostas já as tenho. Encontrei-as, dei-as a mim mesma. Inventei-as.
Acho que agora, que já não me vagueias os sonhos, nem me assombras os pensamentos, pensarei em ti com carinho, talvez com um sorriso, como ao ler as cartas que te escrevi.
Agora que sei que não te verei, arrumei tudo de vez. Os mails? Lixo.
As fotografias? Servem para nada...sei que um dia qualquer já nem recordarei ao certo as tuas feições. Talvez fique um pormenor ou outro. Ou talvez fiquem as mentiras. Cada uma delas associada a um momento. Aquelas que só mais tarde soube e as outras: as que fingia acreditar.
E assim, tudo colocado fora porque já não interessa, há que tirar o teu nome da lista telefónica. É bom ter espaço para as pessoas importantes.
Custou...mas saiste daqui. Deixaste as tuas marcas, não muito bonitas por sinal.E eu odeio cicatrizes. Agora podes fazer todas as histórias. Podes fazer a tua história. Que seja, pelo menos, bonita.
Ama. O amor torna-nos melhores, sabias? Talvez aprendas a ser maior. A teres a coragem de ficar, de pagares para ver em vez de virares as costas e te transformares naqueles filhos da puta que dizias ser para todas as outras e que não querias ser para mim. Pois. Deixa-me dizer-te: foi isso mesmo que foste: um filho da puta.
Agora que tudo passou, foste apenas um. Mais um. Gostei-te como gostarei de todos quantos venham a entrar na minha vida. Um dia qualquer, talvez eu pense de novo em ti.
Não me desfiz das cartas, não. Vou guardá-las no mesmo sitio, dentro do livro. Verás que um dia qualquer voltarão a cair-me no regaço. Irei lê-las de novo e perguntarei: mas quem era este? É que o tempo passa...e nós sabemos que só as coisas grandes e verdadeiras permanecem. E ao ler, irei ver como por vezes somos patéticos ao sofrer por quem nada vale. E irei rir...de tanta parvoice que te escrevi, com o coração apertadinho e triste com os olhos rasos de água. Se alguem lesse, imaginaria talvez que mataste toda a minha familia, amigos e extra terrestres amigos...e eu ali, a depenar-me em lágrimas, como Madalena arrependida. Mas não foi nada disso. Foi apenas a tua covardia que me fez sofrer. A falta de coragem de me dizeres, simplesmente, que não me querias ver mais, que não gostavas de mim, que tinhas encontrado o verdadeiro amor. Ou quem sabe, que tinhas decidido ir morar para a lua porque lá o ar faz bem à pele e tem uns ginásios óptimos e que, paciência gostavas muito de mim, mas teria que ficar uma história a meio porque no foguetão só havia um espaço vago. E eu ia atirar-me para o chão a rebolar a dizer que ia disfarçada dentro da bagagem.... enfim, um filme qualquer. Tenho esta imaginação que me obriga a andar sempre com as luzes ligadas e de câmera na mão. Que fazer? Sou assim mesmo...
O tempo passa. Tudo passa. Fica cá dentro uma coisita ou outra, tudo sem muita importância.
E vejo-me ao espelho, orgulho-me de mim. Vê tu. Encontraste-me num momento tão frágil, tão crente, tão débil... e agora olha-me. De novo eu. Lutadora. Com a coragem que nunca me abandonou.
Basta fazermos um esforço que conseguimos arrancar todo o que nos faz doer, cá dentro, no fundo, onde faz eco.
O certo é gostar de quem gosta de mim. E tu, nunca gostaste.
Uns meses depois, depois de tanta tinta gasta em papel reciclado, agora que foste, tudo o que tenho a dizer-te resume-se a poucas palavras.
Fo**-te e sê feliz.
É que eu ia odiar saber que toda a minha dor foi em vão.
Domingo.... dia de preguiça, de fazer nenhum, de ficar até tarde na cama que me prende, deitada e quieta, ouvindo musicas e a chuva que cai lá fora.
Levanto-me, vejo os reflexos de uma noite longa, mal dormida. Ou por dormir.
Pouco importa, hoje é Domingo...
Não quero saber de tanto que preciso fazer, nesta barafunda, nesta desarrumação.
A roupa tirada à pressa, os sapatos espalhados.... não quero saber.
Não faço o almoço, não me apetece, quero ficar de sorna, acendo a lareira, como pão barrado com queijo de ervas, espreguiço o corpo e a alma. Hoje é dia de espreguiçar a alma.
Não me apetece nem tirar o pijama polar amarelo com um anjo que dorme pousado numa nuvem....não quero tirar as meias de lã de ovelha, não me apetece fazer a cama, nem arrumar a roupa, nem colocar a roupa a lavar, nem limpar o pó....apetece fazer nada, rigorosamente nada.
Coloco o cd com musica bem alta e deixo-me ficar debaixo do chuveiro a limpar os restos de mim. A lembrar. A rever momentos. O corpo cansado.
A água a deslizar, quente. A alma descansada.
Fecho os olhos, fico assim.
Enrolo a toalha ao corpo, olho-me ao espelho.
Nem sempre me é fácil olhar-me ao espelho. Vejo lá uma mulher que me olha como se me quisesse dizer a maior verdade, mas nunca fala. Sorri-me apenas. Gosto dela.
Os olhos brilhantes....
E num resto de bom senso, penso:
- Continua a chover, pouco importa, não fico aqui. Vou sair. É um pecado privar o mundo de ver uma mulher assim. Esconder este corpinho? Não! Deus até me castigava!
Amanhã, como um bandido, virá o dia seguinte....
Dia de azar?
Não....
Dia de mudanças...
Escuto pela primeira vez uma musica que tanto ouço....
"Eu quero uma lua plena
eu quero sentir a noite
eu quero olhar as luzes
que teus olhos não me têm deixado ver
Agora eu vou viver..."
A verdade é que alguem me escreveu em comentário que um dia nos cansamos de esperar, que um dia damos por nós e já não estamos nessa espera, já nada esperamos... e se por qualquer destino viesse ao nosso encontro aquilo que tantas noites nos preencheu os pensamentos, de nada valia. Já não valia a pena.
Olho para algo que fui e lamento ter perdido tanto de mim.
Lamento ter perdido a capacidade de acreditar. Lamento ter deixado algures um peito que era aberto.
Parece-me por vezes que o tranquei e que já nem sei onde guardei a chave. Todas as palavras me soam a falso, a interesse. Acabo por levar todas as conversas que têm tons sérios na mais pura brincadeira.
Lamento a inocência que já não tenho, lamento que não aceite que alguem possa ser, simplesmente, sincero.
Mas não fui eu quem decidiu, quem escolheu ...
Sei que é para me proteger. Assim, o fim, nunca dói tanto. E há sempre um fim.
Vejo todos os amores como sendo o maior amor. O amor mais puro. O amor, arrisco dizer, eterno.
E nunca foram.
O que sei é que tudo é tão efémero, tão passageiro.
O que sei é que o que somos hoje não seremos amanhã.
Vejo a Ana apaixonada. E diz-me num sorriso:
- Já alguma vez me viste assim? Duvido...
- Já. De todas as outras vezes que te apaixonaste. Mas cada novo amor é o maior amor. E eu fico feliz por te ver com esse sorriso, mesmo que busques incansávelmente esse estado de alma, ao ponto de sofreres.
- Sabes o que queria?
- Não.
- Ver-te de novo feliz, como te vi um dia... um dia em que estavas...sei lá, feliz!
Lá vem a lagrimita, lá fico com olhos rasos de água...
- Eu sou feliz. Tenho tudo. Acho que é por saber que tenho tudo, que tenho medo de perder este tudo que tenho. Acho que é por medo que sinto mais esta vida, toda esta vida que está ca dentro.
- Não é por medo, não. De nós, és sempre tu que tens coragem. És sempre tu que nos dás coragem. És tu que me dás aqueles abraços apertados que me fazem chorar. É por amor...por todas as formas de amor, como tu dizes... por teres esse coração grande demais. É por amor, não por medo. Porque queres tanto acreditar e a vida te contraria com todas as pessoas que cruzam o teu caminho, que mentem, enganam, que traem.
- Só me falta o amor de alma e carne...
E naquele jeitinho unico, a Ana sorri-me:
- E não é por seres minha amiga, mas mereces ser feliz nesse amor, nesse tipo de amor, o de carne e alma.
- É claro que é por ser tua amiga.....
Fico a pensar...no que me dizem os amigos reais. Fico a pensar no que me dizem voces desse lado. Aqueles que vêm e ouvem, e voces que analisam o que escrevo, que sabem tanto, sem nada saberem. Acredito que cada um me imagina de forma diferente e possivelmente nenhuma a verdadeira. São as personagens que criamos cá dentro, como se eu fosse apenas a personagem de um livro. Livro esse que é a minha vida. Livro esse que é tudo aquilo que sou...
Nunca chego a nenhuma conclusão. Mas tento.
E hoje, nesta chuva que cai lá fora, estou aqui a pensar que a vida, na verdade, traz-nos tantas surpresas!
E fumo um cigarro. O cigarro da paz, da tranquilidade.
Lá vem a vida, de mansinho lembrar o que éramos, o que fomos...ou coloca alguem de novo no nosso caminho para nos recordar.
Lamento estar amarga e não ter espaço para um novo maior amor.
Vejo as histórias lá de longe....do amor que chegou na forma de novos homens e que sempre foi embora da mesma maneira.
Que tal, vais encontrar....dizem-me.
Não se pode encontrar o que não se procura.
E eu não procuro. Não quero e não posso. Nesta altura iria magoar...e mais que isso, magoar-me por magoar.
Quem me manda a mim, ser esta confusão? Pensar demais, analisar demais?
Sou isto....e amo aquilo que sou.
Mas sei que algumas histórias acabam bem, mesmo na vida real.
Sei que amei todos os homens. Todos aqueles com quem cruzei a linha ténue da amizade.
E nunca quis que fossem meus principes encantados nem heróis. Quis que fossem eles mesmos, sem fingimentos.
Tive de tudo: os bons e os maus. Os que me magoram com a verdade e os fracos que fugiram só para não enfrentarem a realidade. Há pessoas que pensam que é melhor assim....melhor para quem, pergunto eu?
Amores encobertos em mentiras, enredos, interesse. Quando tudo podia ter sido tão simples e ter ficado uma história bonita, um carinho.
Mas ainda bem que são poucos os homens fracos que conheci... Inevitavelmente, os danos foram imensos!
O que queria hoje, era adoçar o peito.
Ter um regaço em que podesse repousar...uma mão que acariciasse os cabelos...uma voz. A presença. Por vezes, o silêncio pesa por demais.
De verdade que de quando em vez, sinto essa falta. Depois passa.
Ficar quentinha na cama, lambuzar-me numa taça de mousse de chocolate. Quem sabe ter pensamentos satânicos...usar o óleo de massagem, enrolar corpos sem principios nem fim.
Ou não.
Rodear-me de kleenex, colocar um filme de amor e coragem que me fizesse chorar. É o que preciso hoje....chorar. E nem sei se sei porquê.
Ou talvez saiba...
Talvez porque a vida me trouxe do passado alguem com quem fui injusta. Talvez esta seja a minha segunda oportunidade. A hora de pedir perdão....
Mas mais que isso, é rever esse alguem que nos olha num carinho que enternece. Tão sem mágoa que me desarma...
É tão bom rever um amigo depois de tantos anos....depois de tanta vida.
E num instante, recuar no tempo....juntos, sem pronunciar palavra. Voltar ao presente, sorrirmos e darmos um daqueles abraços apertadinhos que tambem a mim me fazem chorar...
E como um dia alguem escreveu...
Pedras no caminho?...vou guardá-las todas para um dia fazer um castelo.
Fotografia: sweetcharade
Um dia disseste que vinhas. Eu acreditei.
Um dia disseste que vinhas. Eu esperei.
Um dia, há muito tempo, num adeus sofrido, disse-te que te ia sentir a falta. Disseste que não. Mas sabias que sim.
Quis saber se seríamos amigos de verdade para sempre. Disseste que sim. Mas sabias que não.
Um dia....ainda no tempo dos segredos, quando até as esperas faziam sentido.
E eu esperei.
Que viesses.
Contei os segundos que se tornaram minutos, que galgaram o tempo e se transformaram em horas. Horas moles, como todas as de quem espera. Como se o tempo corresse tão devagar para nós, que esperamos.
As horas viraram dias...e eu nem reparava que a Primavera já tinha iniciado a sua transformação. Distraida por esperar por ti.
Ou esperava por nós. Nós que nunca o fomos e eu que só queria sermos capazes de sermos nós.
E a Primavera tornou-se Verão. E os dias viraram longos e as noites que nunca mais terminaram. Sempre à espera.
Já não havia pôr do sol, nem bosques encantados, nem vales, nem montanhas, nem principes... já não haviam palavras nem letras nem poemas. Já não havia uma chuva miudinha... já não havia um farol nem ondas no mar.
Tudo mudou enquanto eu remoía em mim um sentimento, devagarinho.
Fiz tudo errado.
Tive coragem. Liguei.
Tu não vieste. Nem nesse dia, nem nunca mais...
E eu acreditava que um dia...um dia...
Hoje já não acredito. Não posso. Não consigo.
As palavras, por si só, de nada valem.... e eu queria tanto acreditar outra vez!
Como quis acreditar um dia, em ti. E nessa busca para te acreditar, passou a Primavera...
E eu à tua espera... quando tu já eras ausência.
Esperando que fosses embora sem partires, que te guardasse para sempre em mim. Já sem doeres.
Um dia que sem nada ter, te quis.
Faz um dia uma eternidade...
Um dia que me perdi algures em mim.
E mesmo assim perguntei:
- gostas de mim?
Disseste que sim.
Hoje eu sei que não...
2005 paixões vividas...
2005 paixões vadias...
2005 amores sofridos...
2005 amores contidos...
2005 amores esquecidos...
2005 quecas perdidas...
2005 lágrimas vertidas...
2005 programas desfeitos...
Que se foda 2005...
Viva 2006!!!!
Como confissão: ainda agora começou, mas já está potente. Diria quase nas 5000 rotações...
Auuuuuuu!!!!!!
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