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Devagar...

Confessado por Mulherde30, em 20.03.06

deitada.jpg
Fotografia:?

Vieste tão de mansinho que nem te vi chegar.
Do nada, pegaste na minha mão, puxaste-me para dançar e eu a olhar-te. Surpresa.
Toda uma noite a cruzar-me contigo por todas as ruas da cidade. Naquelas horas em que o mundo grita baixinho, em que o sangue cria força e nos faz seguir por caminhos muitas vezes travessos aos que percorremos quando a luz chega e nos fere os olhos, nos carrega o corpo, nos entorpece os sentidos.

Foi assim que nos conhecemos...no meio de sentidos.

Roubaste-me um beijo. Do nada, enquanto estava distraida.
Sabes o que gosto em ti? Essa capacidade de me deixares em duvida...ou és muito mentiroso ou muito honesto. Tudo o que me dizes, mesmo aquelas coisas que os outros, os que antes de ti estiveram aí, nunca confessaram, fazem-me duvidar. Eu gosto de confissões. Mas nem sempre sei lidar com pessoas como tu. Há as horas em que me pareces tão sincero que arrepias. E quando me dizes que sou uma mulher de fibra, não sabes que por dentro, chego a ter medo de pisar corações.
As amigas dizem-me que não há a mais pequena hipótese de não estares apaixonado por mim. Os teus amigos, já brincam connosco por tudo: ou porque fumamos a mesma marca de cigarros, ou porque respondemos ao mesmo tempo e brincam a dizer que o amor é lindo. Mas eles não sabem que este campo minado é perigoso de caminhar.


Não estou habituada a que me tratem tão bem, numa meiguice, num toque de mão, num sorriso, num beijo repenicado. Aquelas mais pequenas coisas, sabes?
Gosto-te porque me fazes rir...gosto-te porque não és atrevido.
Gosto-te porque és simples, falas com uma timidez na voz e mesmo assim não guardas as palavras.
Gosto-te porque me dizes que pensas em mim...
Gosto de saber-te perto, gosto da tua companhia. E por vezes, confesso: sinto-te a falta.

E gosto-te ainda mais porque não te sinto a fazer um jogo de sedução. Daqueles jogos que sabemos como terminam. Nada disso...sinto-te a fazer um jogo de conquista. E já nem me lembrava como pode ser tudo tão mais sentido.
E eu sei que por vezes, temos que aprender a gostar.

Não tenhas pressa. Deixa-me gostar de ti assim....devagar.

publicado às 13:58

As mãos...

Confessado por Mulherde30, em 10.03.06

hands_lg.jpg

Dia Internacional da Mulher.... mesmo em atraso, não podia de forma alguma deixar este dia em branco.
E nem é pelos grupos que se fazem e que saem de casa para comemorar. E nem é pelas bebedeiras, pelos risos, pelos homens que se despem e nos passam ao lado. Não...

É pela mulher em si. Pelas mulheres que ainda não o são, que são ainda meninas. Pelas mulheres que são mães, pelas outras que não o podem ser. É pelas mulheres que passam toda uma vida à espera. Pelas outras que lutam fingindo que não têm medo. Pelas que não têm medo porque nada têm a perder.
Por todas quantas lutaram por aquilo que hoje nos é permitido. Pelas que arriscaram tudo... na esperança de que a sua luta nunca seria em vão.


É pelas mulheres que usam as mãos em prol dos sentimentos bonitos...que com as mãos oferecem amor.

Pelas mulheres que brilham e pelas que ficam nas sombras. Pelas que sofrem e nos mostram um sorriso. Por aquelas que nos fazem sentir que é assim que queremos ser. Pelas sábias, pelas que sempre têm força.
É pelas mulheres coragem. Pelas que no silêncio nos dizem tudo. Pelas nossas cumplices e pelas que nos ensinam que amanhã o sol voltará a nascer. Pelas que compartilham connosco os sorrisos, nos dão a mão para nos levantarmos, nos lembram que aqui dentro há um coração.
É pelas que nos ensinam a rir por tudo, a chorar por nada, pelas que nos dão asas ou que simplesmente nos lembram que temos pés.
Pela mulher em essência pura do ser.
Pelas que nos demontram que é sempre pelo amor....


"Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade."

Manuel Alegre


publicado às 00:41

História suspensa...

Confessado por Mulherde30, em 06.03.06

carlos vieira 1.jpg
Fotografia: Carlos Vieira

Ainda agora, à pouco, enquanto a água misturada com espuma me deslizava no corpo, perguntava-me porque é que, de repente, tudo se torna tão urgente. Porque é que um momento trás atrás de si uma avalanche de sentimentos que não se explicam, que emergem apenas, pensando nós vindos do nada, e nos consomem o corpo, nos corrompem a alma numa furia repentina....


Ainda agora, à poucochinho, enquanto tocava à campainha, me perguntava o que estava a fazer aqui. E respondia-me que vim porque não podia ser doutra maneira. Que vim porque precisava saber. Pagar para ver. Como era estar contigo. Ou estar contigo. Simplesmente.


Ainda agora, à pouco, quando me abriste a porta e me sorriste, não notaste. Talvez não tenhas notado que o meu coração batia acelerado e o sorriso que te retribui continha um nervoso miudinho que não quis que saísse de mim. Quis calá-lo, disfarçá-lo. Algo que arrasto desde o dia que te revi no bar, tanto tempo depois, entre risos de amigos. A surpresa do encontro. E eu sabia...
- Sempre vieste...
- Vim, ganhei coragem e vim.

Falas-me sorrindo enquanto me ajudas a tirar o casaco que pousas nas costas de uma cadeira.
Sorris-me ainda quando me abraças, sorris-me quando me olhas parado numa atitude que me enternece.
Sabias que há homens que nas atitudes mais banais me enternecem?


Ainda agora, à pouco, me mostraste a tua casa como se fosse o teu refugio, o teu castelo. E a sala, iluminada com a lareira acesa era o local perfeito para tudo o que estamos a descobrir em nós.
- Eu sei que tens sempre frio...
(pois sabes, tu sabes tanto de mim!)

Levas-me à varanda, ainda agora, à pouco, e entre gotas de chuva me mostraste todas as luzes da cidade, lá em baixo, no vale, como se tudo isto fosse o teu reino.
Luzes trémulas envoltas numa chuva miudinha que cai sem cessar e que dá, a todo o teu reinado, aquele toque de mistério dos contos de fadas.
Podiam ser os anjos que choram por nós, lá em cima, num céu que se vê negro porque a noite vai alta e onde as estrelas brilham, mesmo sem se verem.

Ainda agora, à pouco, me envolveste os braços com os teus braços e me beijaste. Tão docemente...
Já te disse que gosto de braços e dos braços que se envolvem com outros braços e criam laços e abraços? Os nossos braços...


Ainda à pouco, recordas-te? que estava em silêncio para não esquecer, quando me despias numa melancolia e me dizias que era assim que me querias. Vestida...só para teres o prazer de me despir? É que por vezes as palavras não têm qualquer sentido.
Devagar.... ainda agora, à pouco.
Os corpos numa dança embalados num balanço de compassos acertados.... lançando nas paredes as sombras (nossas). Sombras chinesas dos desejos...

A tua boca que me procurava os seios excitados por entre o colar que ficou no meu pescoço. Uma imagem tão sensual...ver-te numa procura desenfreada entre pele e fios. Mãos mil, todas tuas, que tocam e queimam. Os cabelos que me agarras, o toque no sexo húmido...sorver a vida num trago sôfrego entre saliva, suor, alma, pele... e os corpos de novo nas sombras chinesas, perto da lareira e dentro de fogos maiores, que ardem, que invadem e nos possuem.


Ainda agora, à poucochinho, me foste buscar água e antes de te deitares ao meu lado ficaste aí, parado, observando o meu corpo nu deitado em tapetes e rodeados de sombras. Sempre as sombras...
Vi os teus olhos negros. Vi-me neles. Toda eu, nua, alma, reflectida no teu olhar. Sabes o quão grande isso é? Vermo-nos despidos no olhar de alguem?


Ainda agora, mesmo agora, quando deitaste o teu corpo junto ao meu e me deste um braço como porto para ancorar a minha cabeça...sabes o que senti?
Senti-me feliz. Sim, feliz. Enquanto deslizavas os dedos nas minhas costas, na curava dos rins, devagar, num toque de pólen, tão à flor da pele que arrepiava....feliz.
Enquanto eu brincava no teu peito... feliz.
Mexias-me no cabelo, ainda agora....feliz.

A lenha acrepitar, o bater silencioso do teu coração, a chuva lá fora, a musica a tocar baixinho... "would you save my soul tonight?...would you tremble if i touched your lips?... hold me in your arms tonight. I can be your hero baby...Am i in too deep? have i lost my mind? i don't care...your'e here tonight....I can be your hero...
( não quero que sejas meu herói. Quero-te assim: humano e pouco mais.)...
Apertavas com força a minha mão...e eu a sentir-me feliz.

Ainda agora, à pouco, as tuas palavras chegavam de longe, num eco, falando do tempo em que o meu orgulho não deixou crescer um sentimento.
Num sussurro falas-me ao ouvido:
- Tanto tempo depois...
(tanto tempo depois tu. Eu. Nós.)
Puxas-me para ti num abraço apertadinho...daqueles que apertam o peito, nos dão um nó na garganta e nos fazem voar todas as borboletas no estômago.
Como nós, que talvez já nos tivessemos esquecido que temos asas, e hoje, ainda agora, voámos. Eu não sei até onde nos será permitido voar. Um dia iremos cair...ou talvez hoje, só hoje, tenhamos caído. Já não sei...


Ainda agora me beijaste e me disseste chega-te a mim. (..." e deixa-te estar"...eu que já estou tão perto! Não sentes?)
Mesmo agora, ainda à pouco...


- Fica comigo.
- Não...
- Só esta noite.
- Não posso.
- Não podes ou não queres?
- Não quero.


___________________«silêncio»______________________

Agora, neste instante, em que os meus olhos já não me denunciam mesmo no escuro, agora que já não me tocas a pele, já não me procuras com a tua boca, com as tuas mãos, agora que já não me vês nem me ouves, digo-te que não quero.
E nem é que não queira. É por medo...
Medo porque tudo foi perfeito demais. Medo porque há preços que não sei se quero pagar. Medo por ter saciado o desejo e o desejo continua cá, talvez maior. Medo porque há histórias que não têm que ter um fim ou um principio. Ficam apenas suspensas a pairar. Só para serem lembradas.
Medo.

Agora posso dizer-te... que o medo me assombrou. Medo de acreditar.
Medo. E o medo, tu sabes, são amarras.
E agora vem a letra de uma musica à memória.... "que loucura irás dizer quando a mão que te apertar te pedir para ficar?"
Disse apenas que não quero...agora posso dizer todas as palavras que ficaram presas em mim.

Não quero...é que se ficasse, poderia não querer mais vir embora.

publicado às 14:29

Foi um ganda carnavauuuuuu!

Confessado por Mulherde30, em 01.03.06

Little_Dead_Riding_Hood.jpg


Este ano pus mãos à obra e confesso que chegou uma altura em que pensei que de tantos metros de tecido que comprei, possivelmente, com os meus dotes de menina prendada era possivel que, quem sabe, depois de tanto cortar, ainda tivesse pano para o avental.
Os dias passaram e eu a dedicar noites a fio a cortar e cozer tecidos....e outro pensamento: possivelmente daqui vai sair um fato de palhaço.

Conclusão: fui a uma costureira.


No ano que passou, vesti-me de Zorro...talvez na esperança de montar o Tornado. Tal não aconteceu.
Este ano fui de Capuchinho Vermelho....e o lobo mau não apareceu. Lá no fundo, nem que me importava que o encontrasse e que me comesse.
Esmerei-me... blusa branca, o fato em cetim vermelho, o aventalinho branco. E como estamos no sec XXI, botas de salto agulha, unhas vermelhas, fio dental vermelho, meias de rede. (É o que se coloca quando se vai à pesca).

E pronto...levantei-me na segunda feira às sete da matina, que eu faço parte daqueles que não sabem o que raio quer dizer fazer ponte...e deitei-me na terça feira às 19 horas.
OK, já não tenho idade para estas merdas....e sim, já tenho idade para ter juizo. Mas que se fo**...perdido por cem, perdido por mil. E uma noite assim, só no próximo ano.

Fizémos um grupo fantástico, horas de pura risota e divertimento. Estávamos todos com fatos tão giros! Posso até dizer que foi a loucura total.

E aposto, pelos olhares e certas palavras, que muitos não se importavam nada de colocar a pele de lobo mau... nadinha!
Mas que mesmo assim foi um grande carnaval, lá isso foi... :-)

publicado às 21:31


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