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... Um brinde...

Confessado por Mulherde30, em 31.08.06

paulo marx.jpg
Fotografia: Paulo Marx


Quando for mais logo à noite, vou vestir o vestido preto, calçar as sandálias que têm o brilho das estrelas.
Quando for mais logo à noite vou passear na praia, com o céu negro como tecto.

Quando for mais logo à noite ...

E vou brindar...

publicado às 10:50

Dá-me a mão...

Confessado por Mulherde30, em 27.08.06

aps.jpg
Fotografia: APS


Talvez quando voltares me digas "Anda comigo".
Me dês a mão entrelaçando os teus dedos aos meus e caminhes a meu lado falando de tudo o que viste, sentiste e viveste nos dias em que te senti tão longe de mim... nos dias em que te esperei e que só queria rasgar o silêncio para te dizer "sinto-te a falta..."

Talvez quando voltares me digas "Anda comigo..." e entre um olhar e outro, mesmo na timidez, eu te consiga dizer "gosto de ti..."

publicado às 15:23

Sou famosa... e não sabia!

Confessado por Mulherde30, em 20.08.06

valor.jpg

De tão inchada nem me cabe uma azeitona no cu. Nem uma ervilha, quanto mais uma azeitona!
Achei por bem contratar a segurança, que são aqueles cães que se vê na foto. A gata sou eu, claro.
Vá-se lá saber, pelo sim pelo não...que ainda me podem raptar e obrigarem-me a escrever até ao fim dos meus dias, pouco se importando se tenho ou não os dedos em ferida...

Há algum tempo fiquei a saber por um amigo e por um cometário aqui deixado, que algumas parvoices que aqui escrevo eram lidas na Rádio Clube de Alcoutim. Nunca ouvi, não sei a que dias nem a que horas, mas calculo que muito tarde para não traumatizar as criancinhas.
Só espero que a entoação tenha sido a indicada (garantiram-me que sim)... e eu babei-me toda.

Depois da rádio, a revista. Ah pois é.
Que importante que eu sou, um dia destes já nem me dou ao trabalho de responder aos comentários que me fazem e quem o quiser que deposite 500€ na minha conta.

Lá fui eu comprar a revista Happy Woman de Agosto...e tcham! Lá estava eu, melhor, o meu blog. Blog parece um sapo a arrotar, mas foi o nome que lhe deram...

Aproveitei e ainda fui cuscar os signos. Acho engraçado...especialmente quando numa revista me dizem que a semana vai ser boa nos amores e outra me diz que vem aí uma tragédia grega...qual das duas? Mais a segunda porque já não acredito que pelo lado do coração cheguem coisas boas. A pesca tá má, o peixe não morde. Cá para mim é do isco...


Ora na Happy woman diz que "deixa-se seduzir por Peixes, Caranguejo e Escorpião."
Se bem me lembro, já me deixei seduzir por um caranguejo, mas destroçou-me o coração com as tenazes. Tenho amigas escorpião, se fosse gajo não as queria, sendo gaja não quero um gajo assim. Peixes...tenho que descobrir. Mas não sei... não me soa muito bem. É que eu e os animais...
"Ou ainda por Touro mas jamais por um Carneiro, Sagitário ou Aquário."
Agora vem um dilema...se me deixo seduzir por um Touro, porque não por um Carneiro? Ambos são apetrechados... se bem que o ultimo Touro de quem gostei, casei com ele, mas quem levou com um par de cornos, fui eu. E com um Carneiro, vai na volta, ia dar no mesmo. Vale mais prevenir.
Conheço um Sagitário todo jeitoso, mas tão calado que quando lhe perguntei o nome, em vez de responder, mostrou-me o bilhete de identidade. eheheheh (brincadeira)
E aquário faz-me sempre lembrar calmia. Interessa-me... aqueles aquários com luz e algas e tesouros...hummm, mí gusta.
"Para evitar tempestades deve afastar-se de Balança e Leão."
Do leão, segui o conselho. Isto de se sentir o rei da selva e não fazer puto o dia inteiro, ali deitadinho, à espera que a pobre da fêmea trabalhe...nã.
Portanto resta-me:
Balança... mas soa-me a que se vira para o lado que lhe dá o vento...ora é, ora depois já não é. Fora.

Seja como for, ainda me seduz a tranquilidade do aquário... quem sabe?

Ah, mas estava eu a dizer que sou vedeta...que coisa, que não me habituo a estas andanças! Pudera, são só 15 minutinhos de fama sem nunca sair do ecrã!
15 minutos, comparado com os 7 das super rapidinhas, já não é nada mau...

Tenho que confessar que tudo isto é estranho...eu vou na rua e posso cruzar-me com pessoas que me lêm, que talvez até me comentem, que sabem tanto de mim... mas que ali, enquanto nos cruzamos, somos apenas desconhecidas.
E depois até me babei a ler os elogios que me tecem...ai, um blog inteligente, dizem.
E eu garanto que não paguei um tostão... sou pobre, não tenho carteira para isso. E com o corpo tambem não que este aqui é sagrado.

Claro está que o devo a todos voces...que me acompanham e no fundo partilham comigo a vida, deixando um pouco da vossa. Agradecer à/ao Kris que me deixou a dica....agradecer à Sra Natalina de Almeida (a quem pertence o texto sobre as mulheres de 30), enfim, agradecer a todos, incluindo aos animais! heeheheheh. Até agradeço ao sapo, que de vez em quando me deixa numa neura a dizer que o meu tempo expirou (como se me quisesse dizer que já estou fora do prazo...rásparta o sapo!)


Ainda não sei se amanhã não pedirei aumento à entidade patronal. Sim, agora sou famosa! heeheheheh...mas corro o risco de se darem ao trabalho de lerem e de se rirem na minha cara, ficar sem emprego e depois bater à porta da sra Natalina para me dar trabalho a fazer qualquer coisita. Aprendo depressa....
E aproveito, sra Natalina, agora que a revista vai vender uns numeros extra (espero eu) veja se me manda umas amostras desses cremes milagrosos para as rugas. Ter 30 é uma luta contra a gravidade...que canseira! heheheeh

Apetece-me comemorar. Pena é que na vida real, os amigos de todas as horas, nenhum sabe da existência deste espaço que mantenho no segredo. Mas posso ir comemorar sozinha...ou perder-me por aí, aproveitando um convite qualquer, pelos vales dos lençóis do Motel Eclipse, ali em Angeja. Que tem as camas redondas, tectos espelhados, umas luzes meias manhosas e uma mulher desenhada no vidro com cara de caso e que não tira os olhos de nós.
Mesmo que acabe na cama de sempre, vou sair. É que uma coisa assim, tem que ser comemorada.
Quem quer vir?
Quem quiser marque hora por favor com a minha secretária...

Ai, sou famosa e nem sabia!
Hasta la vista comuns mortais! heehehehehehehhe

publicado às 22:30

O cair do pano...

Confessado por Mulherde30, em 20.08.06

bailarina.JPG
Fotografia: Raquel


Aprontei-me para não chegar tarde. Queria ficar perto do palco, para te ver.
Cá por dentro, um medo de que erasses os passos ou que não acompanhasses as meninas que já são mais velhas que tu.
Mas não... todo o espectaculo e eu ali, a sair-me orgulho por todos os poros, uma tia babada.

Tu com um vestidinho cor de rosa, como as princesas dos contos de fadas, eu a ver-te entre um passo e outro, como se me estivesse a ver a mim, mas em épocas diferentes. Eu aos 30 a ver-me dançar aos 7.

Dizem que és parecida comigo. E és.
Mas sei que tu vais tornar-te numa mulher bonita. Sei que vais ser delicada, sensivel. Sei que verás o mundo de uma forma diferente das outras mulheres que te rodeiam, e por isso te sentirás diferente, quando só quererás ser igual. Para ti, viver, terá um significado muito maior. E sei que tu não vais ficar indecisa entre caminhos a escolher. Sei que ao decidires não vais olhar mais para trás, mesmo que à noite, no escuro do teu quarto, sintas que toda a tua vida podia ter outro rumo se...
Mas esse "se" nunca será de arrependimento. E sei tambem que terás sempre a coragem de seguires em frente, mesmo que a vida te maltrate e magoe, mesmo que a vida te queira obrigar a sentires-te perdedora, mesmo que a vida nunca te conceda a felicidade de viveres todos os grandes amores e passes por ela apenas carregando-os no teu coração. Sei que em todos os desgostos, a esperança, nunca te abandonará. Acreditarás sempre que um dia, tudo pode ter um final feliz. E passarás pela vida sorrindo... mesmo que em ti chorem baixinho todas as decepções. Heroína....e as heroínas morrem em pé.

Eu sei que pela vida fora me continuarás a provocar este nó na garganta sempre que sinto este orgulho de ti.
E estes olhos, sempre rasos de água.
Cai o pano e eu, em pé, a aplaudir-te a graciosidade de menina.
Vieste ter comigo e por entre abraços, disseste-me:
- Tia, esta dança foi para ti. Agora sou bailarina, era o que tu querias ser, não era?


Era...há muitos anos atrás, tambem eu queria ser bailarina, nos meus sonhos de criança. Um sonho que nunca pude seguir...e ver-te, foi concretizar esse sonho pelos teus pés...

publicado às 03:49

Oui, oui...

Confessado por Mulherde30, em 19.08.06

cama.jpg
Fotografia:?


Tenho-me arrastado o dia inteiro entre a cama e outro lugar qualquer, entre um lugar qualquer e a cama. Ainda não me sinto muito bem, o que é muito bem feito para perder a mania das moitas. Não, não bebi... mas parece.

Às dez da manhã acordaram-me. Melhor, o telemovel acordou-me. Fiquei numa neura! Quer dizer, uma gaja trabalha a semana inteira e depois, no dia em que se pode deixar dormir é que se lembram de me retirar esse prazer. Perdi o fio à meada do sonho delicioso que estava a ter. E gaja que é gaja, pois claro que fica chateada. E ainda por cima choveu. Acho.
- Olá Raquel! (isto dito com toda a euforia)
- Bom dia...
- Bom dia?? Estavas a dormir?
- Estava...
- Desculpa. Olha e logo vamos sair? Ontem disseste talvez.
- Hã? São dez da manhã...por favor! E sim, disse TALVEZ! Depois falamos.


Socorro! Não tenho paciência para este gajo. Já andava a convidar-me para um jantar há colhões. Não aguentava mais. Propus-lhe juntarmos o pessoal todo já que nunca conseguimos estar todos juntos. Ele não ficou muito convenciado, mas lá disse que sim e prontificou-se a jantarmos em casa dele.
Pois, jantar em casa dele, mas depois de uma hora e meia de viagem, esgalgada de fome, quem fez o jantar fui eu.
Éramos onze pessoas. E as gajas combinaram com os gajos que eles lavavam a loiça. Prontamente disseram que sim.
Mas este sim foi antes do Martini, do Vinho do Porto, do Champanhe, do Vinho tinto, e do wisky. E quem é que acabou a lavar a loiça, quem foi? Aqui a preta.
Fiquei fo****, claro está. É que já estavam todos para abalarem e a deixarem o rapazinho com a casa de pantanas. Ok. posso não ter muita paciencia com ele, mas isso tambem é tortura.
E quando o gajo me viu pior que ursa, lá veio. Ele e todos os outros. De forma a que a cozinha parecesse um programa nocturno de televisão: "aprenda a lavar a loiça depois da festa"....foi aí que começou o verdadeiro pesadelo.
Começou a dizer que eu ficava bonita chateada (ai), que podia deixar a loiça que ele lavava (isto já eu estava aterminar) (aii), depois punha-me as mãos na cintura como se me quisesse fazer cócegas mas só conseguia espetar-me as costelas (aiii), até que resolveu ir buscar rosas ao jardim do vizinho estatelar-se no chão sujo da cozinha, aos meus pés, agarrar-se á minhas pernas (perdão, enganei-me, pernitas) e conseguir arranhar-me toda com os espinhos! (aiiiiiii). Isto para não falar de 9 pessoas encostadas aos móveis a preciarem a figura, a filmarem e a divertirem-se à brava com a situação (menos eu, claro está).
Eu bem que os olhava com olhinhos de carneiro mal morto, como quem pede socorro, mas ninguem me ligou pêva. Deixa-os pousar...
Fugi mal pude, mas não me livrei por muito tempo.

Para piorar, o gajo faz-me dores de cabeça. Fala metade em Português, metade em Françês. Claro está que em menos de nada já me perdi porque parece-me que estou a decifrar um enigma. Quando digo que não entendi, ele repete. Mas ainda fico pior. Desisto. E lá vou dizendo que oui, que oui.
A cada mensagem dele fico sempre de olhos arregalados porque nem faço ideia do que ele estará a escrever. Por isso nem respondo. Para quê? Para dizer que oui?

Lá vou apanhando uma coisita ou outra.
Sexy. Isto sei o que quer dizer. O que não sei é se ele naquela correria de palavras me diz que sou ou que não sou. Ou estará a falar de outra qualquer.
"bidon". Não faço ideia, mas bidon, parece-me aquilo em que transportam materiais. Todo redondo e todo direito. Não se referia a mim. Acho eu. Espero.
"bobone". Tudo piora. Parece-me bóbó, broche. Não querido. Não te faço um a essa pila francesa que deve ser intragável. Exactamente, não me esqueci do mundial!


Ninguem se matou, ninguem andou à porrada. Fartei-me de dançar, estou com os musculos todos doridos. Foi divertido estar com amigos com quem quase nunca consigo estar, por vários motivos. E aprendo o que quer dizer desabrochar: tirar da boca! eheheheheheh
Cismo que ainda tenho pedal para andar nesta vida, depois dá nisto. Ainda tive que gramar o gajo agarrado ao meu carro:
- Raquel só mais um beijinho, vá...
Até que disse o nome dele com tal ênfase que creio que ele percebeu que eu não estava para brincar.
E vim para casa satisfeita. A pensar que tinha conseguido. Até hoje, logo pela manhã (para mim ainda madrugada),me ligar. Ai o gajo....
Ele até é engraçado. Divertido de vez em quando. Mas pôrra, pá...é françês! E como é que eu o entendo?

Só me sai disto na rifa....a ver vamos se hoje me safo dele. Nem é por mal, mas não tenho paciência para um homem que pensa que só porque estou em casa dele, tem o direito de andar a passar as mãos aqui pelo meu corpinho. Era só o que me faltava, até o diabo se ria.
Nã... isto não é para mim. Aqui, neste corpinho cada vez mais flácido de sereia, só toca quem eu quero. E a quem não agradar a ideia que tire um bilhete só de ida. Para França.


Acho que me vou é deitar na banheira com água bem quente a transbordar de espuma....ai que sorna, não estou nada bem.
E daqui a nada tenho moitas.

Vá Raquel, mexe-te. Pôrra pá, parece que tens 30 anos! Credo!

publicado às 19:47

Quando...

Confessado por Mulherde30, em 15.08.06

sascha2.jpg
Fotografia: Sascha


"Quando já nada é intacto
Quando tudo na vida vem em pedaços
E por dentro me rebenta um mar
Quando a cidade alucina
Num luar de néon e de neblina
E me esqueço de sonhar

Quando há qualquer coisa que sufoca
E os dias são iguais a outros dias
E por dentro o tempo é tão voraz
Quando de repente num segundo
Qualquer coisa me vira do avesso
E desfaz cada certeza do meu mundo
Quando o sopro de uma jura
Faz balançar os dias
Quando os sonhos contaminam
Os medos e os cansaços
Quando ainda me desarma
A tua companhia
E tudo o que a vida faz

Em mim

Quando o dia recomeça
E a noite ainda te prende nos seus braços
E por dentro te rebenta um mar
Quando a cidade te esconde
E o silêncio é o fundo das palavras
Que te esqueces de gritar..."
Mafalda Veiga


Quando olhamos para dentro de nós...
A frio, sem medos
sem querer esconder segredos...
Quando avaliamos o que a vida fez connosco...
Quando sentimos o quanto ainda nos falta fazer
E o tempo tão fugaz, nos faz ver
que nos esquecemos de viver...

publicado às 13:10

Shiuuuu....

Confessado por Mulherde30, em 13.08.06

20051210010139-distancia-sepia.jpg


Deixa-me dizer-te baixinho ao ouvido, em jeito de confissão...
- quero-te... de-va-gar...

publicado às 21:30

Daqui a nada...

Confessado por Mulherde30, em 06.08.06

alexandre costa1.jpg
Fotografia: Alexandre Costa

Daqui a nada o Outono está aí. Daqui a nada volta aquela melancolia dos dias que não são quentes nem frios.

A esta hora em que o sol ainda inunda o quarto de luz alaranjada, numa forma meia triste de dizer até amanhã, em que já vejo estrelas e lua e o céu ainda não é negro... a esta hora que não é dia nem noite, que já não é uma coisa e ainda não é outra, sinto cá dentro, no fundo onde faz eco, que ainda não vivi o Verão.
Como se o estivesse a adiar.

Mas já não quero mais deixar para outro dia qualquer. Adiar para quando? Para quando já não o puder viver?

Falta agarrar estes dias quentes com voracidade.
Falta-me aproveitar todos os entardeceres e todas as noites com garra.
Falta-me uma paixão, quem sabe um grande amor.
Falta-me adormecer com o corpo agarrado e colado a outro corpo. Corpos suados por pingos de mel.
Faltam-me os beijos melados em cada milimetro de pele.
Falta-me caminhar de mão dada, à tardinha, na beira da praia com as ondas a brincarem nos meus pés. Ficar sentada num qualquer banco a ver as gaivotas que voam em rodopio, girando em torno de um barco que entra no porto.
Falta-me um passeio àquela hora em que o sol está quase a nascer, em que a neblina traz consigo o ar misterioso de mulher, de braços dados, no areal da Barra. Ou no paredão que se estende pelo mar.
Faltam-me todos os sorrisos, os risos e as conversas.
Faltam-me os olhares de desejo que me fazem desprender de mim e entregar-me ao prazer.
Faltam-me os abraços apertados.
Faltam-me os beijos salgados.
Falta-me libertar todos os medos, cansar o corpo para dar descanso à alma...
Faltam-me os olhares tímidos e cumplices.
Faltam todos os brindes em noites mornas celebrados no segredo.

As mãos.
Sinto a falta das mãos, agora que anoitece mais cedo e que daqui a nada é Outono outra vez.
Falta-me a entrega, o toque de pólen, o sentir todo o torpor de sentimentos à flor da pele.
Faz-me falta um chegar de mansinho que me arrebate.
Faz-me falta voar na prisão de braços que se enlaçam e entrelaçam em mim, de mãos que me puxam e me querem prender.
Faz-me falta o acordar vagaroso quando mãos inquietas tocam a apele e causam arrepio, que devagar serpenteiam na curva dos rins, nos cabelos, no pescoço. Que descem pelas costas, apertam as nádegas, que sobem pelas coxas procurando o sexo húmido. Mãos que têm na ponta dos dedos o desejo e nas unhas a furia de rasgar a pele (ou a alma?) para um gemer baixinho, para a união dos corpos que se querem de-va-gar ou na violência do tesão urgente, numa pressa de quem não quer acabar.
Corpos que libertam os beijos que tardaram e deixam voar a luxuria reprimida.


Faz-me falta saber que me queres. Mais que isso: faz-me falta olhar-te no fundo dos olhos e deixar que os meus lá mergulhem para te dizer que te quero.
Faz-me falta, sabes? Faz-me falta viver realizando as vontades que carrego em mim para onde quer que vá.
Faz-me falta o carinho e entregar-me aos pensamentos satânicos.
Faz-me falta a ternura e a loucura da paixão.
Faz-me falta...tu.
Tu fazes-me falta. Simplesmente. Sinto-te a falta sem nunca te ter tido presente. É possivel?
Como se tudo o que sinto fosse ausência de ti, uma ausência que antes de o ser era nada. E sinto-te a falta mesmo assim.


Mas daqui a nada, é Outono outra vez e como te disse, antes que termine o Verão, quero viver sem pressa e sem atraso todas as paixões.
Fazes-me falta, sim. Mas eu e tu... não somos as personagens do mesmo filme.
Eu quero uma paixão contigo. Um amor contigo. Fazer amor contigo (ou construi-lo?)...sonhos que deposito em folhas brancas de papel, como se os sonhos fossem os nossos corpos e as folhas de papel, os lençóis.
Mas nem todos os sonhos se podem realizar...

É que daqui a nada termina o Verão, daqui a nada começa o Outono. Verás que a cumplicidade se vai manter até ao dia em que já pouco importa se é Primavera ou Inverno. Verás que o maior que criámos, o nosso maior projecto, não será abalado.

Quero-te mas não te quero mais... consegues entender-me? Não posso e nem devo querer-te. Porque em ti não há lugar para mim e eu fico a esperar de longe, de coração apertadinho num egoísmo de ter os teus olhos dentro dos meus, as tuas mãos misturadas nas minhas, o teu corpo dentro e em torno do meu.
Lembras-te quando te disse que talvez os maiores amores não sejam para viver mas apenas para sentir?
Talvez este quase amor encantado seja assim.

Guarda-me dentro de ti, num cantinho onde a vida não tenha permissão de destruir, para não se desfazerem os laços nem os nós que criámos em torno de nós.
Mas é que daqui a nada é Outono outra vez e o Verão começa a despedir-se... (como eu)
E verás que daqui a nada, se doer, será baixinho.

E se alguem perguntar por mim, diz que não sabes. Ou então que fui aprender a existir sem ti, lambendo as mágoas e voando de asas feridas. Agarrando todas as horas dos dias que faltam antes do Verão terminar.

Ou diz apenas que fui viver...

publicado às 21:27

Andanças...

Confessado por Mulherde30, em 05.08.06


Eu hoje estou que ninguém me pára. Parece que tenho o diabo no corpo. Estou possuida e ainda nem anoiteceu.
Deve ter sido por quase nem ter dormido, ou melhor dizendo, ter dormido pouco.
É que depois da festa fica-se ainda com aquele bichinho, aquela agitação.

Se bem que a companhia da festa foi um tanto ou quanto trenga. Éramos 5. Dois casais e a outra (a outra sou eu). Um dos casais não falou por ter a boca ocupada (linguados e coisas do género) e o outro não falou porque estavam de trombas um com o outro. Já que estava no Andanças, fui andando e não lhes liguei pêva que já não tenho paciência para essas merdas.

A parte boa é que cheguei a casa, já sinto o cheirinho da minha terra, que o mecânico me disse que afinal não é preciso mudar os rolamentos (isto depois de ter dado 300 voltas à rotunda com os meus pneuzinhos (meus não, do carro que gaja que é gaja não tem disso) a chiarem (e eu a chiar tambem -só que eu ando a precisar mudar o óleo) e a deitarem fumo por todo o lado (claro, não é ele que paga outros)).


Mas o que quero falar é sobre o Andanças. S. Pedro do Sul. Festival internacional de danças populares.
Para todas as idades, para todos os gostos e feitios. Já se sabe que é preciso pedal para andar de tenda em tenda a dançar e a pular ritmos todos diferentes. Para quem não se aguenta há os bares... e depois o pessoal a tentar sair de lá completamente trôpego (eles ainda acham que a cerveja mata a sede...)

Nunca vi tantas rastas juntas... ao pessoal que por lá pernoita, já que é tudo non stop, aos que acampam a semana inteira a fingirem que são hippies e os outros que o são mesmo, parece-me que tudo se torna numa competição para ver quem fica mais sujo ao fim dos 6 dias de loucura total.
Adoro estes ambientes, mesmo não sendo um estilo de vida nada parecido com o meu (que aqui a gaja gosta do cabelo esticado e usa salto agulha quando lhe apetece, nada de piercings nem tatuagens nem trapos no cabelo). Mas é bestial ver este meio. Descontraídos, ...( ah, vão atacar Portugal com uma bomba atómica? que engraçado... e será que podemos acampar para ver o espectáculo?) com ar de quem não quer saber de nada, e indirectamente lá nos mandam à merdinha, a nós, os preocupados com as coisas que não têm que ver com a natureza já que é a natureza que lhes "oferece" as ditas plantinhas milagrosas.


(eu sei....às vezes exagero, mas acho piada, não se ofendam e por favor não me levantem um processo que nas duas ultimas semanas paguei duas multas (velocidade e estacionamento) é que não sou rica para pagar a um advogado e não o posso fazer com o corpo porque este corpinho aqui é sagrado).


São as idades diferentes, as linguas diferentes (que não os impedem de a espetar na boca de outro de lingua diferente) e é vê-los estendidos pelo chão a rirem-se para mim com um ar alucinado (talvez eu tenha cara de charro)... mas pelo menos alguem me escancara um sorriso, não é como esses meninos da cidade que vestem fato Armani e óculos Gucci, que pensam que se partem se disserem olá, que parecem daqueles asiáticos sempre com cara de enjoados, que não fo*** nem saem de cima, tipo couvinhas sem soda.
Eles até podem cuspir para o chão, vomitar, coçar os tomates, arrotar (só não ouvi nenhum a peidar-se, se bem que de vez em quando notava uns cheiros estranhos), mas sorriem e dizem olá e boa noite.
Mais que isso: são gentis para não me deixarem escorregar pela ladeira de terra batida e evitarem que me estatele no chão, suja e ensanguentada, dando-me a mão para me apoiar. Ah pois é....

O que é certo é que até chega a dar vontade de mandar tudo à merda e juntar-me a esta comunidade. Deixar de me importar com horas para tudo (para dormir, levantar, trabalhar, comer), cavar um quintalinho com batatas e criar galinhas, mandar à fava o banco a quem todos os meses lhe pago o carro que conduzo e trocá-lo por um burro ou por um cavalo(que aposto que o que pago de seguro o alimentava com palha o ano inteiro e esticando ainda lhe pagava as vacinas no veterinário.)
Só não me peçam para não conseguir remexer no meu cabelo enrolado a parecer minhocas, cravar os dedos e massajar-me o couro...é que acho um piadão às rastas, mas usá-las? Nã...rástaparta! hehehehehhe... nem colocar brincos nem piercings pelo corpo ou tatuagens, digamos que eu seria um estilo hippie-zen


E no próximo ano, Andanças, contem comigo. E prometo dedicar-me para ver se nas danças não ando sempre no sentido contrário de todos os outros.

Até lá, paz (na nádega esquerda mas devagar para não ficar com marcas) e muito amor....
yô....

publicado às 20:48

Modos de amar...

Confessado por Mulherde30, em 05.08.06

orgasmo.jpg
Fotografia: ?


"Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura

usa-me as coxas
devasta-me o umbigo

abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros

e lentamente faz o que te digo..."

Maria Teresa Horta


Um país inteiro mergulhado no mar... e eu aqui, ao abandono, a delirar! A deixar a mente divagar por corpos que nem conheço, por tardes quentes de verão, por amores à beira mar, por desejos satânicos, instintos carnais.

Era só um orgasmo com aquele gostinho a eternidade que nos fica preso à pele...era só um orgasmo!...
Um orgasmo e alguem interessante, disponivel, com sentido de humor, moreno, com chiwawa, alto, menos de 40 anos (no máximo 37) sem filhos, com mãos lindas, que fosse lindo aos meus olhos, me encantasse, me desencaminhasse, que lhe corresse no sangue a loucura sexual (daquele tipo cheiinho de imaginação),que fosse bom na cama, que tivesse como principio "primeiro as senhoras", que não desistisse mal conseguisse, que fosse carinhoso, ternurento, com uma veia artistica, que gostasse de dançar e de praia e de mar. Que odiasse futebol, que não tivesse barriga enorme, que fosse companheiro, fiel (pois sim), etc etc etc... e gostasse de mim...que devagar fizesse o que lhe digo...

A vida não é nada justa...

publicado às 16:11

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