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Só porque me sinto assim...

Confessado por Mulherde30, em 30.09.06

jorge guedes.jpg
Fotografia: Jorge Guedes

"Também dentro de ti a terra acaba e o mar começa.
Lá, onde não tens já poiso firme e tudo em ti se invade de uma ondulação que desconhecias.
Lá dentro, uma espuma que te confunde. Tu que pisavas com segurança.
Não reconheces já, não sabes, não és. Navegas então em terreno pantanoso. Aberta, indefesa.
Lá, onde o diabo faz o ninho."

Mulher em branco
Rodrigo Guedes de Carvalho

publicado às 00:44

Sim, já notei que é Outono outra vez...

Confessado por Mulherde30, em 25.09.06

varanda de pilatos.JPG
Fotografia: Raquel (sim, eu)

- Parece que já chegou o Outono.
- Já dei conta...

Melhor assim. Época de renovação. Época de deixar cair de mim as mágoas como folhas. Tempo de deixar partir todos os restos com o vento.
Tempo de esperar que passe o Outono, o Inverno e que depois, quem sabe na Primavera, tudo se renove lá fora e por dentro de mim.

Chegam as noites mais cedo, mais frias. E descobrem-se outros prazeres...
A lareira, as mantas amarelas, o café em canecas grandes que me aquecem as mãos enquanto fico enroscadinha no sofá a ver um filme qualquer. Os banhos quentes em banheiras que transbordam espuma, à luz de velas. Os pijamas e os lençóis polares, as meias de lã, os edredons fofinhos.
O caminhar sobre as folhas secas...o sentir na orla da praia as nortadas que me congelam o rosto e despenteiam os cabelos. E tudo vazio...
Como se de repente desse conta, numa areal deserto, que o mundo terminou e só fiquei eu.

O Outono pode ser nostálgico, sim. Já não há aquele calor que nos sufoca, que nos faz desejar sair de alças e roupas leves. Viajar para sul de corpos que ainda não se conhecem e que só desejamos ter coragem para lhes conhecer o sabor e o cheiro.
Chega o Outono e perde-se a vontade de atravessar a noite por todas as ruas, sentindo o pulsar da terra, de olhos fechados para se ver melhor.


Chegou o Outono... e à medida que ouço os meus passos, num qualquer lugar de onde vejo o pôr do sol, sei que tudo ficará bem. Porque não há outra maneira de viver...
Porque sei que em cada folha caída, em cada lágrima vertida, o peito transforma a tristeza em esperança, bate de novo, compassado, como um rumor de rio sem corrente...e nas veias corre outra vez o sangue alucinado de quem sente que ainda tem tudo para viver.


Sim, já notei que é Outono outra vez...
Mas pouco importa...o aconchego de uns braços que nos querem bem, tambem nos faz olhar a vida a renascer em nós...

publicado às 20:26

Frágil...

Confessado por Mulherde30, em 20.09.06

george kronberg.jpg
Fotografia: George Kronberg

Há alturas assim... em que parece que uma tempestade desceu sobre a minha vida, que me quebrou os alicerces frágeis (ou serei eu?), que me rebentou por dentro e me deixou meia perdida, no meio de nada, no vazio. E não sei por onde começar a reconstruir a minha vida. Outra vez.

Nessas horas, como esta em que escrevo, em que as lágrimas me caem dos olhos sem as poder controlar, uma após outra, revoltadas e em fúria num rosto já tão cansado...que me aliviam o peito e a alma enquanto sufoco o rosto na almofada para abafar os soluços...nessas horas que me fazem levantar da cama tão imensa onde me mexo e remexo sem encontrar paz, por precisar escrever e deixar sair de mim o que sinto. Nessas horas que me fazem sentir a agonizar devagar. Em que me sinto frágil, pequenina... e só.
Nessas horas, como esta, em que me rendo. Me deixo levar para longe para esquecer e não sentir o peito a rebentar-se por dentro com o coração apertadinho que me quer galgar a boca e todos os sentidos.

Olho para trás e vejo o que nos ultimos anos perdi. Perdi tudo. Quase tudo.
Perdi um homem. O homem pai...
Depois disso, perdi amigos, amores, trabalho, paixões. Mais que isso: perdi-me. Já não me encontro por mais que me procure por dentro de mim. Todos os meus recantos estão vazios. Onde fiquei eu? Onde me escondi que agora não sei de mim?
Até onde permiti que a vida me escolhesse os caminhos?
E sinto-me assim, caída. De asas feridas. E pela primeira vez...sem vontade de ganhar coragem para seguir.
Pela primeira vez a deixar-me sugar devagar por todas as mágoas, por todas as dores. Pela primeira vez a deixar-me invadir por todas as sombras...
Pela primeira vez a jurar-me que não mais irei acreditar em palavras, que não mais irei confiar em alguem.
Pela primeira vez com vontade de simplesmente baixar os braços e desistir desta batalha que tenho contra a vida, ou contra a morte. Já nem sei...

Não quero ouvir...
Deixem-me ficar deitada, quieta...
Saiam e fechem a porta devagar para não perturbar o meu silêncio.
Sinto-me frágil.
Não quero saber que o céu está cinzento e que o sol não brilha. Não quero saber que o mundo inteiro está à beira do abismo. Não quero saber se as pessoas que amo irão embora tambem. Não quero saber se ao adormecer me cheguem os pesadelos que me esperam deixar dormir para me abalarem os dias, para me recordarem dos medos. Não quero saber dos livros que ficam por ler, não quero saber se não mais acordar. Não quero saber...


Cansei-me de esperar. Cansei-me de perder. Cansei-me de cair e ter que seguir em frente. Cansei-me de pensar que tudo vai correr bem, que algumas histórias acabam bem mesmo na vida real. Cansei de repetir as palavras. Cansei de viver sempre pensando no melhor caminho para não ferir ninguem. Cansei-me de olhar mais para os outros que para mim. Cansei-me... sinto-me cansada. Apenas e só. E frágil.

Não me digam nada...
Nada do que me possam dizer será novidade ou importante para mim. Eu já sei tudo isso.
As palavras que há muito esperava ouvir nunca chegaram...e mesmo que as ouvisse agora já nem sei se fariam alguma diferença em mim.


Hoje não queria um amor. Queria uma companhia que me fizesse sentir que tudo ficará bem, alguem que me fizesse sentir as palavras e acreditar nelas. Queria um regaço, um abraço, uma ternura, uma cumplicidade. Ver-me num olhar e saber cá por dentro, no fundo onde faz eco, que esse olhar nunca me irá trair.

Hoje que me sinto frágil queria sentir a força e a coragem que devo ter algures dentro de mim mas que não sei onde as guardei...
Hoje queria ter a certeza que vai valer a pena levantar-me e seguir como sempre fiz após cada perda que senti.

É o que me rebenta por dentro...sentir-me frágil e sem força. Logo eu que fui programada para resistir, para seguir em frente por mais terrivel que tivesse sido a minha dor, para chorar baixinho sem ninguem ouvir, para não quebrar. Logo eu...


Mas estou aqui... e enquanto aqui estiver seguirei em frente, tropeçando e levantando após cada queda, escorregando e dando encontrões na vida. Ou a vida em mim...
Talvez agora precise de mais tempo para me reconstruir, de cimentar alicerces e pontes. Refazer tudo o que sempre fiz...recomeçando. Mas talvez agora possa ser forte e possa viver duvidando mesmo que só deseje acreditar...


Possivelmente chegarei ao fim e ao olhar para trás irei perceber que vivi toda a minha vida enganada. Que devia ter feito tudo de forma diferente. Poderei chegar ao fim e pensar que me enganei em tudo. Mas com a mesma certeza poderei dizer que nunca enganei ninguem.

Mas daqui a nada é dia outra vez...
E a esta hora em que me sinto frágil, só queria adormecer e ao acordar ter a sensação tranquila de não sentir nada...

"Fui sempre uma lutadora.
Portanto, uma luta mais: a melhor e a ultima...
Odiaria que a morte me vendasse os olhos
e me obrigasse a passar pela vida rastejando..."

publicado às 01:19

Entrega de óscares...

Confessado por Mulherde30, em 19.09.06

phones.jpg

Quase dois anos depois resolvi mudar o aspecto deste meu espaço.
A ideia estava cá, o problema maior era mesmo colocá-la em pratica.

Mas como se encontram pessoas que até têm paciência para aturar outras (neste caso eu) que não percebem pêva disto, lá consegui convencer alguem a fazer-me o trabalho. Com uma ideia aqui, outra ali...ficou este o resultado. Que me agradou bastante, diga-se.

O que quero hoje é mesmo agradecer ao puto (ai puto não, artista) que me pegou na vontade e a realizou.
Se a vida nos prega partidas, que pelo menos tiremos proveito delas... já que me descobriste o blog, há que trabalhar nele. Ah pois é!

Obrigada.... e econtinua nesse mundo da musica onde vais conquistando degrau a degrau o teu sonho. O que te quero dizer, é mesmo para continuares a dar-nos musica, que o que se quer é festa...


E pela originalidade, pelo empenho e pela infinita imaginação (não sei a quem sais)...o óscar vai para... (o melhor, claro)

DJ Mö-Zack

Obrigada...

publicado às 12:42

Entardecer...

Confessado por Mulherde30, em 02.09.06

dragon fly.jpg
Fotografia: Dragon Fly


Agora, queria apenas um entardecer de enternecer. Sentar-me nas areias da praia, com a água a beijar-me os pés.

Agora queria apenas um entardecer silencioso, uma mão na minha... deixar os cabelos livres ao vento.

Agora queria apenas um entardecer de um dia de Verão que se prolongasse por madrugadas, que me fizesse arrepiar a pele, entorpecer os sentidos, deixar-me levar...


Agora queria apenas um entardecer. E tu.
Um entardecer contigo...

publicado às 21:20


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