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Tudo aquilo que sou...
Fotografia: Igor Coelho
Tenho horas em que não te falo. Não é porque esteja triste contigo. É apenas porque não tenho nada a dizer ou simplesmente tenho mas não quero dizer nada.
E se estou quieta, não fiques a pensar no porquê ou a sentires-te incomodado com a minha quase não presença.
Não questiones o que sinto apenas porque a minha voz se cala, ou o meu corpo fica estendido sem se mexer.
Nem sempre me é fácil. Os dias nem sempre me trazem um fardo leve. Se ficar assim, quieta, vou para longe. Imagino tudo igual mas de forma diferente. Eu sei, não é fácil perceber...
Preciso, sabes? Deixar a imaginação voar e fugir um pouco da realidade, escutar o que eu digo cá dentro, no fundo onde faz eco. Fingir que. faz de conta que.
Deixa-me estar quieta. Dá-me a mão, fica assim, pertinho de mim sem ser preciso mais nada. Eu sei, são só duas mãos entrelaçadas. Mas são muito. E outras horas há em que são tudo.
Ou abraça-me para que cá por dentro se renove a esperança de que algumas histórias acabam bem, mesmo na vida real. Deixa que os braços se entrelacem em abraços apertados.
É que sabes? Tenho momentos em que sou muitas. Carrego a criança que um dia fui, preciso viver como a mulher que hoje sou e tenho o espirito da idosa que um dia serei.
Não me leves a mal.
A vida nunca é fácil.
Fotografia: Filipe Pereira
São as mãos, sabes? Essas que me tocam e arrepiam a pele. Essas que me apertam e me provocam.
Essas mãos que tacteiam o corpo quando nos tornamos num só. Que despertam o desejo urgente. Que me apertam a cintura e me puxam para ti, desenfreadas tantas vezes.
Essas mãos que se entrelaçam.
Essas mãos que deslizam nos cabelos desalinhados, no rosto, nos lábios.
Essas mãos que descobrem o corpo, que despem as roupas, que chamam por mim.
O toque das tuas mãos...
O toque das tuas mãos é um sentido. E um só, desperta cinco em mim.
Essas mãos.
As tuas mãos.
Essas mãos que por baixo dos lençóis, procuram as minhas, docemente.
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