Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Tudo aquilo que sou...
Fotografia: eu mesma, num recanto secreto que me ensinaram algures ali no norte, muito norte
Os três dias foram....
Já foram.
E foram tanto que os queria de volta outra vez.
O melhor foram os pequenos momentos. Como sempre, não concordas? Aquele encosto suave, a água quente em banhos nocturnos. O riso fácil dos dias despreocupados. A familia junta em turismo rural.O regresso com o escaldão nos pés. O rabo dorido.
E mesmo assim, queria voltar.
Não posso dizer que só vi coisas novas, mas posso dizer que vi coisas novas e que voltei a lugares onde um dia não pensei regressar. E regressei acompanhada de um amor.
Na verdade, nestes ultimos dias, dou por mim muitas vezes a pensar nisso.
Quando chego a casa, depois do trabalho, já a noite vai alta. E arrasto no corpo o cansaço dos dias longos demais. E sempre a dizer-me:
- Vê lá se é hoje, Raquel. Devias escrever lá no teu cantinho. E as cartas? Já viste? Tantas para responder... se as pessoas escrevem é porque, de alguma forma, esperam resposta. E quem te procura no teu cantinho (os ainda e sempre resistentes) e já nada encontram de novo. Escreves quanto agora? Uma coisinha por mês? Porquê Raquel? Vê lá se é hoje... já é tempo. E se telefonasses de volta às chamadas perdidas? Vê lá se é hoje.
E não é. Porque nem sequer ligo o computador. Porque me sinto cansada. Porque parece que quero e preciso muito mais ler, do que escrever. Porque tenho muito a dizer e se calhar nem quero dizer nada.
Vejo uma amiga de partida. Vai embora. E vejo-lhe nos olhos a tristeza de quem não tem outra saída. E cá por dentro... só a querer ter muito pertinho de mim todos aqueles a quem quero bem, para que nunca me possa refugiar na falta de tempo que me faz sentir a viver num país distante sem pouco saber do que se passa perto de mim.
Já não me sinto eu, a maior parte do tempo. Por não ter tempo para quem gosto. Por não ir para as moitas, não sair à noite, não dançar, não ler, não escrever.
A fazer nada e a sentir que falta fazer tudo, que tudo está ainda por fazer.
E depois penso em mim, cá por dentro.
Vejo-me assim neste gostar doce e tranquilo. A pensar que o amor nos apazigua a alma, nos dá a tranquilidade que a loucura das noites não nos deixa saborear.
E se calhar é por isso. Porque a paz não precisa de palavras.
Porque a dor me obriga a escrever para me libertar de fantasmas que aprisionam a alma. E o amor liberta essa alma desses fantasmas.
Tenho dias em que me apetece desalmadamente escrever. E não posso. Depois posso e não me apetece.
Se calhar devia responder a todos vós que ainda resistem. E adio... se calhar egoista. Porque leio e tardiamente respondo. Pensas tu que é porque ignoro? Não é...
E um dia, dedicadamente respondo com o carinho grande que te tenho. Mas preciso daquela paciência. De horas tranquilas para escrever as coisas como devem ser escritas. E nem sempre me encontro nessa calma. Se calhar é-te confuso demais. Talvez penses que é uma forma de me desculpar. Não é. Para me desculpar, digo-te apenas: perdoa-me.
E sabendo que é dificil entender, não me leves a mal os silêncios. Tambem preciso deles para não sofrer tanto por ti. Porque só te conheço as palavras e não sei o teu rosto. E depois, nesses desabafos que tens , que te fogem por entre os dedos, acabo tambem por sofrer. Se calhar acontece-te o mesmo quando estou triste e me sento aqui e tu, desse lado, lês com o coração a apertar-se por dentro de ti.
É estranho, estas cumplicidades que se criam entre seres que não se conhecem.
Posso dizer-te que um dia o farei. Sempre. Sempre te responderei. Talvez um dia quando já nem esperes, vais ver. Um dia destes sento-me aqui a ouvir uma musica que gosto e respondo-te a todas as cartinhas em atraso.
Quero escrever apenas porque sim. Escrever. Apenas. Quando quero. E não sentir isto, esta coisa por dentro a dizer-me que devo escrever, como se me pressionasse. Porque assim não vale, não tem sabor.
E é como se, de repente, já não fizesse sentido....
Fotografia: Nelson
O boy decidiu concretizar um sonho antigo. Comprar uma moto.
Euzinha, queria uma viagem a dois lá para os lados dos Estates (que experimentei e agora não quero outra coisa).
1-0
Ganhou o boy.
E eu vejo a minha viagem concentrada naqueles 200Kg que mais me parecem uma tonelada.
Ok, alguem tem que abdicar de alguma coisa.
Pensava eu que se comprava o raio da mota e a coisa ficava por aí. Não, engano meu.
Porque tinha que aprender a andar e tirar a carta. E eu a dizer-lhe que aquilo era um bisonte, que não podia com ela. Resolve-se o assunto e lá me monta numa mini mota do meu brother. Já pus a 1ª e a ª. Não deixei ir abaixo nem saquei cavalos. Gritei que nem desalmada e fiz uns 100m. Pronto, não me chateies mais.
Porque depois é o capacete. Eu, que sou resolvida, optei por um às flores e o caso encerrou. Ele, de tantos modelos que vê, ainda não decidiu. Tudo bem...
Mas depois é a reclamação da pendura (eu). Que tal não podes fazer força contrária à curva, que tal, senta-te bem, que tal isto que tal aquilo.
E eu a reclamar porque passo o tempo a dar com o capacete no capacete dele (se calhar é mesmo para isso que eles servem).
E tudo continua... a falar da mota. Que a mota assim, que a mota assado.
À noite, já me tinha habituado a sermos 3 na minha cama: eu, ele e o portátil (dele, claro que eu mal me deito, durmo).
Agora somos 4. Eu, ele, o pc, e a amante. Sim, ele monta-a muito mais que a mim. Não por falta de tentativa, mas já não me aguento à bomboca depois de tantas horas de trabalho. Já não tenho 20 anitos, nem 30. ehheheheeheh
Enfim... um dia, espero, será apenas a moto e pronto. Digo eu que nada sei.
Devia ter férias em Maio. Não tive. Daí sentir-me a dar o tilt e a não dizer coisa com coisa. Ou que a qualquer momento, me passa uma coisinha má pelo corpo, como se estivesse possuida e caio em desmaio profundo pelo menos 72 horas para poder descansar.
Outros dias tenho em que não digo nada, de zombie que ando. Para variar...
Mas o boy, que até é porreiro e parece que gosta de mim, lá me tentou e eu caí na tentação.
3 dias fora. Parece-me bem. É justo. Justissimo. Mereço. Tudo bem que não compensa a viagemaos Estados Unidos, mas o gajo até se esforça. Deve ser porque já não aguenta as tentativas falhadas por causa do meu cansaço fisico. É que eu tambem tenho um amante: o trabalho. E diga-se que me deixa bem fo**** ao final do dia. Ou da noite.
Norte... hum... gosto.
Tá tudo muito bem.
Só não gosto da parte de ir de mota.
Por várias razões:
- Ele fala e eu não ouço. Sim, eu sei, há intercomunicadores. Mas na lista, antes disso, já se pediu luvas, sapatos, casacos e afins. Despesas, portanto. E eu continuo a pensar que ficava muito mais barato a viagem.
- Eu falo e ele não ouve. Vai portanto nas suas sete quintas.
- Faço uma viagem estoirada, depois de um dia de trabalho. Nem sequer posso fazer uma sonequinha e se tentar, aposto que com a queda acordo num instante. Ou não...
- Não posso fumar...
- Vou ali sentada sem nada para fazer. Aborreço-me.
- Fico à rasca do cu.
- Não tenho um espelho só para mim.
Resultado: não me agrada esta parte, ir de mota. Até porque imagino que o rabo, no dia seguinte, nem me vai deixar fazer nadinha!
E pior que tudo... o gajo acha mesmo que eu, Raquel, posso ir 3 dias para fora e colocar tudo aquilo que preciso ou quero ou me apetece levar, numa top case de 36 Lt. É normal?
Não, não é... com certeza o meu boy deixou algures a nave.
Bom, tudo isto para dizer que vida de gaja, não é facil. E quem pensa o contrário, engana-se.
Seja como for, eu vou.
Depois?
Bom, depois logo se vê se venho ou não de comboio...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.