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Sinto-te a falta...

Confessado por Mulherde30, em 12.10.09

00027.jpg


Com o tempo, vai ficando um pouco mais fácil falar de ti.
Parece que a saudade quer rebentar os muros do peito e falar, tambem começa a ser bom.
Dantes não era assim... falar em ti era chorar e os soluços não me permitiam falar.
Não penso menos em ti nem sequer me dói menos a tua ausencia. Pelo contrário.
E em todas as mudanças que a vida trás, ainda te sinto mais a falta. Por querer-te aqui, entendes-me?
Tenho a certeza que é por ti que ganho em mim todos os dias mais coragem. E que em mim há tanto de ti!

Hoje... 13 anos.
E foi ontem que te disse, quando ainda não sabia que era o fim, que falei sem saber que eram as ultimas palavras, antes de saber que não havia mais nada depois:
- Até logo pai.

publicado às 13:53

O corpo é um lugar estranho...

Confessado por Mulherde30, em 08.10.09

pascal-renoux.jpg
Fotografia: Pascal Renoux

"O corpo não espera (por nós ou pelo amor).

Falar do corpo... do corpo, na sua relação consigo, com o outro, com o amor.
Do corpo como lugar de encontro e desencontros. Lugar de memórias, de esquecimentos, de mudanças e resistências a mudanças... lugar de desejos, de entrega...
e (também) de solidão..."

Sabem para que servem as caixas de sapatos?
Não, não servem para guardar sapatos.
Os sapatos, pelo menos para nós, mulheres, são peças preciosas, mas na verdade as suas caixas servem para guardar coisas ainda mais valiosas.
Foi numa caixa de sapatos que encontrei um guardanapo de café escrito.
Abri com cuidado não sabendo o que podia encontrar. E encontrei isto.
Não sei onde li nem sequer quem escreveu. O que é pena.
Sei que está escrito por mim, numa altura qualquer. Num lugar qualquer que li, copiei e guardei. E se estava dentro de uma caixa de sapatos, é porque é importante.
Pelo menos um dia, foi.

É engraçado isto de mudanças. Encontramos tudo e percebemos que guardamos coisas que nem sabemos que temos.
O corpo, é realmente um lugar estranho que nos faz guardar em lugares ainda mais estranho coisas que tempos depois, nos parecem mesmo estranhas...

publicado às 18:13

Um dia eu sonhei...

Confessado por Mulherde30, em 03.10.09

erik reis.jpg
Fotografia: Erik Reis

O mês de Setembro já passou. Tão depressa que nem dei conta. Ando distraída.
Ou então é mesmo por envelhecer. Não se dá conta do tempo passar, por passar depressa demais.
Parece-me que antes os dias tinham mais horas. Conseguia fazer muito mais.
Mas isso era dantes. No tempo dos segredos. Em que tinha tempo para mim e para os amigos. Em que atendia chamadas ou pelo menos tinha horários decentes para lhes retribuir as chamadas. E o tempo para responder às cartinhas que me chegavam ao correio em vez de as deixar amontoar até deixar de ter coragem para começar a responder a tantas.
Quero acreditar que os amigos perdoam...
Era dantes...
Quando uma noite de moitas ainda me dava mais energia para trabalhar no dia seguinte, muitas vezes sem nada dormir.
Era dantes...
Naquele tempo em que sempre tinha tempo. E hoje não tenho tempo nem sequer tempo a perder.
Dantes... quando ainda tinha tempo para mim. Para ler, por exemplo. Para escrever. Para um banho de espuma, para conversas banais em esplanadas ainda mais banais.

E por estranho que pareça, ao envelhecer, sempre sinto falta de quem fui. Da energia inesgotável. Do riso fácil. De rir até doer a barriga e chorar.
Não que queira voltar a ser como era. Até porque acredito que hoje sou uma versão melhorada de mim.
Queria era não perder certos traços que tinha e queria juntar tudo, entendes-me? Mas se calhar depois, ficava demasiado grande para caber em mim...
Sou insatisfeita sim. Por natureza.
Ser o que sou e o que fui. Não deixar nada pelo caminho.

Mas por outro lado, vão-se ganhando outras coisas. Parece que tudo é muito mais urgente. Tudo tem que ser agora porque já não se pode esperar. Se calhar é por saber que a vida termina depressa. Como o mês de Setembro. E eu distraída...

Passa um ano e outro. Depois outro e ainda outro. Repete-se, renova-se.
E eu sempre nesta mania de planear. Aqui por dentro, traçar caminhos, metas, desejos ou sonhos. Como queiras. E fingir sem dar conta que tudo vai ser certinho assim. Tal qual se planeou. Vive-se numa ilusão, não concordas?

E a vida a rir-se de soslaio de mim. Dos meus planos. A espreitar-me pelas esquinas naquele riso de querer contrariar tudo o que desejo...
Faz parte. Tenho a certeza que nem nisto sou unica.

Quase sempre o inicio da Primavera é altura de renovações da minha vida. O mês de Março. Trocas o "Ç" pelo "C" e ficam os marcos da minha vida. Outubro não. Sempre me abre um pouco mais uma ferida antiga que dói...
Este ano já nem sei se Março foi importante. Se calhar foi e já nem lembro. A idade tambem faz disso... esquecer-me de coisas importantes.


Há quanto tempo me ouves falar deste sonho?
Possivelmente desde sempre.
A vida a transformar-se e eu distraída em horas de escrava, a olhar por um sonho.
Tu a dizeres que não podia ser assim e eu a dar-te razão, mas a acreditar cá por dentro, no fundo onde faz eco, que os esfroços são recompensados. A abdicar do que mais me faz falta, daquilo que mais importância tem para mim, para lutar.

Agora, vê tu... eu indecisa. Indecisa, como se algum dia julgasse isso possivel. É.
Indecisa por não saber que cores escolher para a casota. A casa. A minha casa. O meu lugar.
Que me posso dizer? Finalmente!?
Sim... finalmente.
Estou a arriscar... (Afinal ainda ficou algo em mim do que fui.)

E sabes o que digo à vida agora? A esssa mesma vida que sempre se riu dos meus planos?
- Fod*-te.

É bom sentir-me assim. Cumprida.
Mas se chorar, não te preocupes. É só porque me sinto feliz.

Como confissão: O pior de se atingir um sonho é que nunca se saboreia bem o gosto de o ter conseguido. Por parecer irreal...

publicado às 19:44


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