Confissões de uma mulher de 30

Nem sempre é fácil... ver assim a vida a passar por nós. Como quem não quer nada e que aos poucos nos leva um bocadinho mais de nós.
Inevitavelmente, quanto mais vivemos, menos nos resta viver.

Mas isso pouco importa. Importa sim a esperança com que enfrentamos um novo dia. Importa sim, o que se sente cá por dentro, no fundo onde faz eco.
Importam as memórias que o tempo não leva, importa o amor que se carrega no peito.
Importam os sorrisos e os abraços apertados de quem nos quer bem.
O resto, é apenas isso. Resto.
Rugas que vão sulcando o rosto como se fossem os trilhos que percorremos na vida, ou os sorrisos que demos.

Hoje, é só mais um. Como outros que já foram e outros que virão.
Envelhecer, não é tão ruim assim. Apenas vamos mudando por fora e amadurecendo por dentro.
E em cada ano nos vamos moldando a todas essas transformações de alma, de corpo, de vida.

Como confissão: falta metade para deixar a década de trinta! Mas acredito que aos quarenta, ainda vou ser enxuta. Digo eu que nada sei...

"Pesada é a máscara de argila seca.
Aguentas sofrimento para amanhã
voltares a estas festas. Outros
o fizeram, mais ágeis do que tu
e o estalar do barro abriu-lhes
novos rostos. «feiticeiro: quem é
agora o príncipe»? A resposta fica
à espera que pássaros se ergam
do topo da pirâmide. Abutres
aguçam ensanguentados bicos e os corações
latejam nas mãos do sacerdote.
É a altura certa de ergueres o copo
e beberes as gotas que te restam.
Arranca a máscara - também és Deus."

"...Para o decifrar basta uma vida; devagar."