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Do que não me arrependo...

Confessado por Mulherde30, em 28.03.15

 

antes_e_depois_de_ser_ma_e.jpg

 

 

Quando fui mãe, tudo em mim mudou. As prioridades passaram a ser outras, nada na minha vida ficou igual.

Pouco depois da minha filha nascer, sempre que via uma mulher com um carrinho de bebé, perguntava-me como era possível elas serem assim, tão perfeitas, tão saltos altos, tão maquilhadas.

O tempo passou. Fui conhecendo outras novas mães e fui percebendo o porquê do meu aspecto.

 

Agora eu percebo.

Percebo que ouço todas a dizerem que não dão mama porque não têm leite. E eu fico a pensar cá para os meus botões como é possível que nenhuma mulher que eu conheça tenha leite!

E penso também nas noites acordada que, tipo vaca leiteira, não fazia outra coisa senão estar com a mama de fora. E dar-lhe-ia por muito mais tempo. Mas no dia em que começou a caminhar, disse não à mama. Independente, esta minha filha.

E ouço a dizer que tal, nem sempre arrotam. Mamar e deitar. E muitas vezes mamar já deitado. E eu penso nas horas que perdia à espera que a minha filha arrotasse antes de poder dormir um pouco mais.

Não, o banho não é preciso sempre. E eu a pensar com que coragem é que despem um bebé e lhe esfregam uma toalhita acabada de tirar do pacote?

Ah que tal, se faz cocó depois do suplemento e adormece já não lhe mudo a fralda.

A sério????????

 

Claro que eu tinha que ter mau aspecto! Era a lavar a roupinha à mão, a dar de mamar, o banhinho todos os dias, a roupinha a aquecer, a tomar atenção ao arroto e ao chichi e cocó e por aí fora. Credo, ainda fico cansada só de pensar.

Claro que eu tinha que ter mau aspecto. Deixar a minha filha para ir passear???? Deixá-la para ir ao ginásio ou à cabeleireira? Nã...

Por isso é que as fotos das VIP pós maternidade, foram uma verdadeira treta em que um dia acreditei. Elas perfumadas e eu a cheirar a vómito.

 

Acho que fui mãe tarde. Com idade em que tudo preocupa e é motivo de preocupação.

Na verdade, ainda hoje uso sempre ténis para poder brincar com ela. E sempre sujos, por sinal, por sempre colocar os seus pezinhos em cima dos meus.

Não uso roupa branca para não andar cheia de marcas das suas mãozinhas. Uso mala de tiracolo para ter braços livres quando pede colinho. E até cortei os cabelos para evitar andar sempre despenteada, de cada vez que ela é cabeleireira em plena rua.

 

Cada vez mais vejo mulheres que querem filhos, mas sem pouco trabalho. Os biberões que não se esterilizam, as horas infindáveis dentro do ovo, fazerem igual barulho mesmo quando o bebé dorme para ele se habituar.

A mim, faz-me confusão. A ideia de que aquele anjinho tem que se habituar, sem nunca pensarem que nós, adultos, é que temos que nos adaptar a um ser tão dependente.

 

Nunca mais houve silêncio cá em casa. Nem as coisas arrumadas como era dantes. E já nem me lembro bem como era... Nunca dormiu como os outros bebés e não dorme como as outras crianças. O cansaço consome-nos, é verdade. Aos poucos, aquilo que dizemos que nunca faremos, damos por nós a fazer. Como dormir na nossa cama?, nem pensar! Mas dorme sim, porque as noites são frias e custa levantar 5 ou 10 vezes por noite de cada vez que grita.

Já não se tem um momento a sós, nem na casa de banho. O corpo deixou de ser o que era, tal como eu. A libido também ficou numa gaveta. Deixamos de sair por causa da logística necessária para uma simples ida ao supermercado. Os jantares eram impossíveis a dois sem ter a criança a chorar. Aos poucos vamos escolhendo e esmiuçando muito bem os lugares que se visitam. Porque já nem as férias são mesmo férias. Só se muda de sitio e tem que se levar tudo atrás.

A televisão passou a ser apenas um objecto que tenho de limpar. E escusam de me perguntar se vi porque se não deu no canal panda, não vi.

Deixei de comer sentada virada para a mesa. E com tendência a comer já frio.

Não, já não há "acorda-me às 11", tempo livre, nem sequer conversar sem ser interrompida a cada 2 segundos.

 

Posso dizer que quando estava grávida me diziam que quando nascesse ia ser uma alegria. Enganaram-me bem enganada, não foi sempre alegrias. Foram muitas noites de pleno desespero. Ela nasceu e nasceram também momentos agoniantes.

E diziam para eu dormir enquanto ela dormisse. E eu, depois dela dormir era pôr creme nos mamilos ou tomar um duche à gato, tratar da roupa, da loiça, do jantar.... e ainda só tinha começado e já ela chorava.

Tudo foi difícil. E feliz sim. E deixa saudades. E valeu a pena. Por amor...

 

Mudei tudo, sim. E sem criticar quem faz as coisas de forma estranha, há uma coisa que eu não mudava: mesmo que tenha feito tudo errado, fazia tudo outra vez, com o mesmo excesso de zelo, como me dizem.

Mas fazia ainda melhor.

 

 

 

publicado às 16:46

As guerras...

Confessado por Mulherde30, em 12.03.15

This is War- 30 seconds to mars

 

 

... guerras que se travam pelo mundo, lá longe. Guerras aqui tão perto.

Guerras que se travam todos os dias, por dentro de nós.

 

Sim, isto é guerra. Guerra que assistimos diariamente nas ruas sempre que vimos olhares tristes e vazios a passarem por nós. Guerras em que muitos estão sem terem pedido.Guerras nos hospitais onde se luta pela vida e por vidas. Guerras enquanto estás parado no semáforo e olhas para a lágrima que se deixa cair por baixo dos óculos de sol de quem está no carro ao lado. A guerra que dói e mói. Que destrói sonhos e futuros. A guerra que trás pesadelos e consome por dentro, que deixa buracos e feridas e cicatrizes eternas. A guerra que é sofrimento e revolta e mãos atadas. Guerras onde morres um pouco mais para depois renasceres ou morreres para sempre, por dentro de ti.

Pessoas que vivem todos os dias uma guerra mesmo ao teu lado e tu só olhas. E num momento deixas de olhar e começas a ver e percebes a dor estampada no olhar. Um pedido de socorro tão claro, tão nítido. E tu distraído na tua vidinha do vai-se andando. E depois estendes a mão. Os ouvidos ou os ombros. Estendes tudo e já é tão tarde. E só queres dizer que lutem até ao fim. Sempre. Que estás aí. Desarmado, sem preparação para entrares numa guerra que nem é tua. E fincas pé. Mesmo que também tu morras a tentar.

E nasce uma esperança.

 

 

Este é o momento.

 

"It's the moment of truth and the moment to lie
The moment to live and the moment to die
The moment to fight, the moment to fight
To fight, to fight, to fight..."

 

 

publicado às 10:22

Nem sempre nem nunca...

Confessado por Mulherde30, em 09.03.15

Na verdade, sempre que me perguntam como sou, não sei responder. E faz-me confusão quando alguém sabe, na ponta da língua, descrever-se.

Apenas porque eu não sou. Vou sendo. Sou, mas sou muitas coisas. Dependendo da circunstância, do que está envolvido.

Por ser tantas coisas, ainda me surpreendo, agora, na curva dos 40.

 

E ainda sou o que fui em muitas coisas e deixei de ser o que era noutras. Porque mudei, sim. Mudei o que achava que devia mudar. Mudei e larguei na berma da estrada muitas coisas que era e que me faziam mal. Da mesma forma que larguei sentimentos e pessoas. E na verdade, nada disso me faz falta. Pelo contrário. Há coisas que se deixam num momento qualquer sem remorso. Foi o que fiz. Não me senti mal por isso. E nunca tive vontade de olhar para trás.

A essência não muda. Pelo menos não acredito que mude. Há sempre um aspecto nosso que se mantém toda a vida, a alma, a essência, o que somos no fundo, onde faz eco.

Deus, sempre tem mais para nos dar, que nós para Lhe pedir.

 

Durante muitos anos coloquei a profissão como prioridade. Hoje, acredito que ter um trabalho é importante, mas antes dele, encontra-se tudo aquilo que o ordenado nunca pode comprar.

Acreditei que havia amigos para sempre. E há. Mas a vida vai moldando as nossas vidas e as saídas nocturnas dão lugares aos filhos e as confidências dão lugares a desabafos. E as presenças são agora telefonemas.

E tudo muda. E somos amigos em igual medida, mas de forma diferente.

Por educação suportei conversas que não me interessavam. Ouvi pessoas a falarem mal de outras. Lamúrias de coisas sem qualquer importância. Pessoas que se faziam de vitimas. Mas nunca ouvi as que sofriam chorarem. Só depois, quando já não sofriam é que, num dia ou noutro, desabafavam.

Hoje, não perco tempo com pessoas pequenas, dei lugar às grandes. E digo que, os meus amigos são as melhores pessoas do mundo. Os mais lindos, os mais completos, os mais equilibrados.

Hoje não faço fretes de socialização.

Se antes não me incomodava o que podiam pensar, hoje, nem tão pouco me dou ao trabalho de ouvir os diz que disse. Não quero saber, pouco me importa, não me interessa.

Sim, nós mudamos. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". É isso mesmo.

Não sou sempre nem nunca. Não por ser uma coisa e parecer outra. Não... apenas porque vou sendo.

Mas há uma coisa que mantenho: quando gosto, gosto para sempre. Mesmo que já nem goste.

 

 

Como confissão: eu disse que não sabia responder como sou... 

publicado às 11:40


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