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Tudo aquilo que sou...
Fotografia: Mulher de 30
Tenho horas em que me sinto uma verdadeira lerda. Ou então não consigo atingir o ponto da questão.
Estava ainda do outro lado do mundo quando soube de um dito rapto de criança no sul deste meu país.
Deixou de ser rapto.
Uns a dizerem que estava aqui, ali, acolá. Que foi levada por uma rede de tráfico de crianças, que isto, que aquilo.
Bom, a minha opinião pouco ou nada conta. É apenas uma opinião. Mas faz-me confusão como uma mãe deixa de saber de um filho e são raminhos de flores e beijos e sorrisos.
Pronto, faz-me confusão.
Mas como disse é apenas opinião.
Não sei quanto tempo depois falam de sangue no dito quarto. E pergunto eu: este tipo de coisas não devia ser detectado naquela altura?
Bom, mas é apenas opinião de quem não percebe nada disso.
Já apanhei numa noticia ou outra a suspeita do envolvimento dos pais.
Não surpreende, de facto.
O que me surpreende é apenas o holofote que incide nestas pessoas. Como se fossem os unicos que ficassem sem saber de um filho. A ser verdade que não saibam. Porque se não me falha a memória, a mãe da Joana jurava a pés juntos que não.
Não consigo deixar de pensar em desespero, noites vazias, em branco. Em lágrimas, em braços vazios. Em tudo o que pode envolver um desaparecimento. E recordo sempre a mãe do Rui Pedro. Que acredito que conseguiu pelo menos que quase todos nós decorasse o rosto do seu filho depois de muita luta, sem estes holofotes a incidirem sobre si. E mesmo que não se saiba dele, a sua luta não foi em vão, mesmo que não tenha sido, nem de perto nem de longe, tão esmiuçada como este caso.
Pôrra... ninguem tem o poder de desaparecer. Ou está noutro lugar ou simplesmente sem vida.
A verdade é que ninguem ocupa o lugar de ninguem. Cada um que não deixa rasto, deixa familia, amigos, pessoas que lhe querem bem. Por isso, todos os que desaparecem são pessoas importantes que precisam ser encontradas.
Como pode uma pessoa desaparecer?
Mas desaparecem... e o que me deixa sinceramente triste, é que isso acontece todos os dias. Que aqui, no nosso pequeno mundo, desaparecem pessoas, algumas delas crianças.
E lamento que nenhuma delas, diariamente, ocupe as horas de informação, repetidamente, como se não existissem outras noticias. Lamento não ver uma fotografia estampada em todos os jornais, em todos os noticiários, sempre que alguem desaparece assim, do nada, sem rasto, neste meu país.
E quando noticiam um desaparecimento, não noto a mesma insistência.
Serão os desaparecidos portugueses menos importantes?
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