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Tudo aquilo que sou...
Nem sei o que faço aqui....
Cidade tão estranha, tão distante, tão vazia.
Que raio me passou pela cabeça para entrar no comboio e perder-me assim?
Talvez precisasse.
Na loucura, quase sempre encontro um equilibrio....e certas loucuras trazem-me uma sanidade que não encontro noutro lugar.
Talvez sentisse a necessidade de ser estranha a todos, de me perder para ser quase igual, não ser diferente.
Deambulo por lugares desconhecidos, que tambem não me apetece muito conhecer.
Não hoje. Hoje não quero saber.
Recosto-me no banco traseiro de um taxi e olho a cidade. Vejo-a.
Talvez nem seja assim tão feia...talvez agora que faço este percurso com a alma calma, lhe consiga adivinhar outra beleza.
Levo os óculos escuros e o taxista olha-me de quando em vez de soslaio. Não me incomodo. Hoje não quero saber.
Deixa-me à porta do hotel e pergunta se preciso de ajuda. Estranho....aqui ninguem ajuda ninguem...
- Não, obrigada.
Deito-me na cama e ouço o som abafado do transito.
Hoje precisava estar assim. Num quarto de hotel. Impessoal.
Amanhã, quando partir nada de meu ficará aqui. Quando chegar um outro alguem, é como se nunca eu tivesse existido...e no entanto levo a história na memória.
É a minha, não a posso abandonar.
Vou para junto do rio...quem sabe ele me banhe os pés.
Corre uma brisa, que ao passar nas folhas das árvores, provoca um som como que se me pedisse silêncio. Ainda bem, hoje tambem não me apetece falar. Preciso ouvir o coração que grita e que não lhe entendo as palavras.
Um vento mais forte arrepia-me a pele. Eu gosto. Faz-me sentir.
O sol brilha não muito quente...mas talvez seja o suficiente para me aquecer o peito.
E ao reflectir na água dá-lhe uma tonalidade azul... e uma beleza como que se as pequenas ondas fossem gaivotas com asas de cristal.
Passam os teleféricos.... como passa tudo em nós.
Talvez seja hora de partir....talvez seja hora de regressar a casa, de refazer histórias. De colocar "talvez" em vez de não, de colocar reticências em vez de um ponto final.
Espero o combóio e vejo o quanto sentimento paira neste ar. Talvez por isso esteja sempre vento aqui...para levar para longe palavras que se dizem no ouvido, gestos que me causam ternura.... lugares de quem se abraça porque parte e porque chega...lugares de encontros, de desencontros....de começos, de fins... de partidas, de chegadas.
De lágrimas, de sorrisos...
Tambem eu já vivi tantos momentos assim. Mas hoje não. Hoje não me despeço de ninguem, nem ninguem me esperou à chegada.
Entro no combóio e tenho o coração tão leve que me esboça um sorriso.
Ainda bem que vim... sinto-me feliz.
Mas hoje não me apetece explicar mais nada.
Hoje não quero saber.
(Lisboa tem o seu encanto....)
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