Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Tudo aquilo que sou...
Soube hoje que já esqueci... vê lá tu. Só hoje.
O sol brincou à timidez...e eu, para lavar a alma, brinquei tambem. Olhei para ontem, foi ontem não foi? E recordei o que já não lembro.
Pensei em ti.
E já esqueci tudo.
Esqueci que me encantei por ti quando te vi, quando os olhos se cruzaram.
E revivi esse momento que esqueci. De como apareceste na minha vida, num momento em que o coração já estava mais ao largo...que o peito já não doía. E esqueci que acreditei em ti, quando já nem em mim acreditava. Talvez por isso não tinhas o direito...
Esqueci de quando me tocaste ao de leve no meu braço com o teu, como se quizesses comprovar que a pele arrepiava.
Esqueci de quando me deitei ao teu lado, devagar...só para não magoar os corações, talvez num instante em que as almas se abraçaram. Ou já se tinham abraçado há mais tempo e agora já não sei porque já esqueci.
Esqueci que me deitei contigo e que te dei um pedacinho de mim...e esse pedaço, faz-me agora tanta falta! Como tu...
Esqueci as palavras que me fizeram sentir que eu era o pedaço que te fazia falta para seres feliz... vê tu, logo eu!
E hoje, num caminho que percorri contigo, vejo que esqueci tudo...
Sempre tu...que me surpreendias nas tuas perguntas, que me deixavas no silencio por não saber o que responder. Por medo de rasgar conscientemente o coração.
Naquela altura, parecia-me que só tentávamos em conjunto, sermos capazes. Eu de derrubar os meus muros e tu os teus, os dois. Só queria dar-te a mão e ser capaz de saltar. Mas tu não saltaste, pois não?
Já esqueci...
Serão assim tão intranponiveis as muralhas que criamos ao nosso redor?
Tu partiste num dia em que a chuva caía teimosa...e o meu peito apertou-se porque tu não viste que ficou quase tudo por dizer. Por medo, sempre o medo. E quiz refazer todas as horas contigo, só para que as palavras que o coração falou e a boca calou, podessem, quem sabe, ser libertas. Só para que soubesses.
Vê tu.... até disso esqueci.
Esqueci das conversas de travesseiro, dos sorrisos e dos risos...dos beijos que me deste sem eu esperar.
Esqueci que me sentei no teu sofá a fumar um cigarro e a sentir a plenitude de quem se dá por um quase amor.
Esqueci que houve um tempo em que quiz apenas apertar as tuas mãos, sentir o teu abraço... saber que afinal não há acaso.
E o silencio que veio depois... até hoje. Por palavras que ficaram escondidas e guardadas como se fossem tudo. E eram...tudo o que eu precisava. Logo as palavras que te trouxeram ao meu caminho.
Só precisava da verdade, para não ter que passar horas sem conseguir dormir. Com medo que telefonasses, com medo de adormecer e esquecer tudo.
Pensei que fosse mais fácil...
Vê tu...tiraste a toalha da mesa, com um puxão esperando que todos os objectos ficassem no lugar. E adivinha? Os objectos viraram cacos, nada ficou no lugar...e tu sabias que eu tinha medo. Tu sabias...
Mas até disso me esqueci.
Esqueci que me disseste um dia para eu esperar, que nada tinha sido em vão...
Esperar o quê? Como se naquele tempo eu conseguisse fazer outra coisa a não ser esperar... sempre a esperar que talvez hoje. Talvez. Hoje. E nunca foi.
E o que é que não foi em vão? Aquilo que eu pensava que estava a começar no exacto momento do fim? Aquela cumplicidade que eu pensei existir entre nós?
Naquela altura só queria ouvir, saber porquê, resolver histórias para que pudesse fechar a gaveta e seguir em frente. Deixar de lado as amarras que sentia prenderem-me a ti.
Passei naquele hotel perdido no meio de uma floresta. Imponente. Retalhado ao pormenor pelas mãos dos homens. Mãos como as tuas, que retalhaste o meu coração.
Já não estás aqui, já não estás em lugar algum. É este meu coração palerma que pensa que andas aqui perto e chama sem cessar por ti.
Há quanto tempo! Há tanto que já esqueci...
Esqueci. Vês? Esqueci tudo... já não lembro de nada, como vês.
Esqueci que me quiz encontrar naquilo que pensei que eras tu. E no final, perdi-me. Perdi-te até a ti.
Esqueci que acreditei em tudo como sendo a maior das verdades. E o tempo provou-me que foi apenas uma grande mentira.
Hoje já posso dizer porque já não me escutas.
Hoje que já dei todas as respostas que me recusaste. E eu que só quiz ouvir.
Que é dos nossos braços? Dos abraços?
De onde surgiu este silencio-deserto entre nós? Não sei, já não lembro....
Quiz apenas clarificar sentimentos...falar do fim, quando ainda não sabia que o era.
Hoje andei pelo vale e ouço passos solitários: os meus. Já não começa a cair uma chuva miudinha que nos faz correr para o carro onde o beijo acontece, a medo. Com timidez. Caminhei sozinha no local perfeito para que a tua boca e a minha se sussurrassem...e hoje pergunto: porque seria este o local perfeito? Porque tinha que existir um primeiro beijo? Quem disse? Onde estava escrito que não li?
E beijei-te a medo...depois de ter perdido tantos outros medos que tinha em mim, que perdi por ti...depois de abrir portas, de escancarar o coração. Por acreditar, vê tu. Por necessidade de acreditar nas palavras...por querer demais acreditar em ti. E acreditei. Logo em ti...
Mas até disso já não lembro. Já esqueci...
Já não lembro que naquele tempo pensei que estávamos juntos... hoje sei que estávamos separados. E mesmo assim tenho medo de adormecer e ao acordar já nada reste.
E será tarde para te dizer o tanto que não disse.
Enrosca o teu corpo ao meu, abraça-me.
Hoje deitei a manta na relva, numa terra molhada e pensei que afinal, nunca foste tu em nada. Talvez só eu te vi assim.
Tive tanto medo de esquecer tudo...e esqueci.
De tudo o quanto senti um dia.
Foi por isso que chorei... porque me lembrei que já não me lembro de ti.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.