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Tudo aquilo que sou...
Fotografia: Raquel (até os encalhados precisam de um farol)
Poucas (pouquissimas) horas de sono. Os meus dois neurónios sobreviventes, conseguem ainda fazer póin, póin, póin... mas com esforço redobrado.
Seja como for, nem posso deitar-me e dormir sem me chibar sobre a noite de ontem.
Se o dia é dos namorados, a noite, essa, pode bem ser dos encalhados.
Tenho cá para mim que já ando a comemorar há demasiado tempo este dia assim, de uma forma encalhada à liberdade. Pior que isso: alem de me estar a habituar, gosto.
E parece-me que a festa dos encalhados tem pernas para andar. Já ouvi dizer que há DJ's a fazerem festas exclusivas para pessoal assim. Assim como eu. Encalhados.
Acho muito bem. Abaixo a descriminação!
E claro que a palavra, não tem que ser obrigatoriamente vista apenas por uma perspectiva.
Este ano, parte do grupo antigo, desencalhou. Ainda bem, que já não tinha estômago para ouvir alguns naquelas lamurias de-coitadinho-ninguem-gosta-de-mim.
Outros fingiram, por um dia, que namoravam. Ou melhor, por uma noite. Aparelharam-se com os/as amigos/as coloridos/as e ninguém lhes pôs a vista em cima. Mesmo que não seja nada difícil de saber por onde andavam.
Nós é que temos como lema: amiga não empata queca a amiga e por isso nem nos demos ao trabalho de lhes estragar a noite. Alem de que possivelmente não nos perdoariam. E nem creio que valha a pena perder amizades por causa de uns amassos.
Mas isso de ser amigo colorido, a mim, faz-me uma certa impressão. Parece-me que ser-se amigo colorido é muito relativo. Quer dizer, não há ali nada, mas vai havendo...
Se eu for daltónica, nenhum amigo pode ser colorido. E isso é diferenciar o pessoal. E de que cor são os amigos coloridos?
E os pálidos? Não podem ser os amigos coloridos de ninguém?
Seguindo...
Andava eu toda empolgada porque ia para a piscina. Quando me entusiasmo, pareço as crianças a quem disseram que sim, que iam.
Só que eu não fui.
Supostamente iria haver uma aula de hidroginástica, com musica e à luz de velas. Para comemorar o dia dos namorados. Pronto, eu não sou namorada, mas com cara de pau, acredito que possivelmente me deixariam entrar. A mim e aos outros 7.
Mas as gajas, de vez em quando, não há quem as ature. Uma porque é o período (não sabe que existem tampões), outra porque está gorda (e pensa que ir à piscina prejudica), outra porque tem celulite (fonha-se, que fique tranquila que a traz outra vez!)... blá blá blá. Quem é que aguenta isto? Ainda bem que não sou homem.
Ok, vamos lá fazer uma coisa diferente. Fomos jantar todos ao Mc Donald's.
Isto, acreditem, é mesmo diferente. Sim, porque se eles são ricos e famosos, não é com a nossa contribuição.
E durante a noite a ver casais com cara de asiáticos (como se estivessem com azia), casais de estilo gregoriano ( que dão vómitos só de os ver com cara de cordeiro que vai para o matadouro).
Viu-se de tudo um pouco. Os que se gostam e os que fingem que sim.
E ouvi toda a noite as amigas mais chegadas a dizerem que tal, andas estranha. Parece que tens alguma coisa para nos contar mas não podes. Já não sais connosco e desvias as conversas, já não nos olhas fundo nos olhos, já não te ris tanto e andas mais calada. Já não tens aquelas conversas manhosas, nem fazes tantas brincadeiras. Estivemos a pensar e achamos que estás apaixonada. Ou melhor, temos certeza, só não sabemos por quem.
(Só criticas, portanto. E ainda fico a saber que se juntam nas minhas costas para falarem de mim!)
Eu a páginas tantas sentia-me como o Sebastião: ... blá blá blá, Wiskas saquetas... blá blá blá, Wiskas saquetas.
Falaram durante tanto tempo que fiquei com as orelhas dormentes mesmo sem ouvir parte da esfrega que me deram. Eu de pensamentos lá longe, com a imaginação a cinco mil rotações, lembrando uma surpresa de alguém que não esperava.
- Temos razão ou não Raquel?
- Razão? Em quê?
- Ora, no que te estamos a dizer...
- É possível.
- Não ouviste, pois não?
- A primeira parte.
- Estamos a dizer que encontraste o teu príncipe encantado que chegou montado num cavalo branco.
- Meninas.... com a sorte que tenho, o máximo que me pode acontecer é chegar o Zé Pedro montado na burra Euribor.
Termina-se a conversa e deixo de pensar nisso.
Como heróis dos bares, vamos de tasco em tasco aproveitando estes momentos cada vez mais raros, juntas. E brindamos. A páginas tantas já nem sabemos a que brindamos, mas brindamos mesmo assim. E em cada poiso bebe-se mais um copo para a "vinhagem". Quero dizer, eu não... só bebi um Baileys que sou gaja fina e atasquei-me em café, que é barato e delicia. É que a taxista sou sempre eu. E alem disso, hoje convinha que alguém lembrasse do que aconteceu.
Passei o dia sem pensar muito no dia. Para não me sentir só nem nada parecido. Aproveitei-o para estar com pessoas que gostam de mim, que estão presentes, que querem saber.
E penso como seria se a vida fosse mais fácil. Ou pior que isso: ainda mais difícil, mas sem amigos.
E amanhecemos em conversas sem nexo, falando de coisas com a mesma terminação.
Como confissão: Aqui, que é o meu lugar, posso dizer, confessando até a mim, que sim.
O raio do Cupido, num qualquer momento em que me apanhou distraída, me apunhalou pelas costas (ai, costas não, que os anjos não têm costas), e cravou-me uma seta num sitio onde não consigo chegar para a tirar de lá. Sinto-me patética. E não tem piada nenhuma sentir paixão não retribuída.
Chega a dar nos nervos. Quero adormecer e acordar sem ter sempre aquele rosto a invadir-me os pensamentos.
Quero viver. Quero voar. Não quero sentir-me assim, presa a quem nada quer de mim.
Eu pensava que isso não iria acontecer...
Portanto, quanto à paixão que me chegou ao peito (e a todos os poros) sem avisar, que virou tudo avesso, já tenho solução.
E perante todo o cenário, só há uma coisa a fazer: esquecer.
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