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Tudo aquilo que sou...
A vida a todo o instante me prova que uma alegria, mesmo que pequenina, se paga com uma grande dor. E neste instante, o fardo que carrego é pesado demais. Não o quero... queria poder largá-lo numa berma qualquer e seguir caminho.
Posso chorar pela verdade mais cruel, mas a dúvida mata-me aos poucos... e é uma morte cruel.
Aqui posso escrever as palavras que não consigo pronunciar. Aqui não tenho que medir o que digo nem pesar o que penso, aqui posso ser eu, sem fingimento.
Ouço os pedaços de um coração que caem a meus pés e ensurdecem-me.
Deitei-me contigo. E nos teus braços, a minha pele rasgou-se e gritou de desejo...mas ninguem ouviu, nem tu.
Não quiz que fizesses amor, quiz sim que o fizesses comigo. Pedi demais...
Nada pior que se ver num olhar uma desilusão que causámos, ouvir numa voz um arrependimento que não se quer dizer mas que se sente.
Falei o que ninguem ouviu, toquei sem ser sentida...fui um fantasma. E vi uns olhos que me olharam sem me verem.
Eu estive lá, sozinha.
Aqui, a fumar um cigarro sei que a eternidade de dias e de noites já não faz sentido.
Aqui, sei que desejo apenas que tudo se torne depressa em memória... e mesmo que não possa esquecer, pelo menos não lembre.
Cruzei uma linha ténue que divide a amizade dos corpos. Não devia. Mas fiz. Não podia ser de outra maneira.
Desejei-te...dei-me...não te tive. Nem a ti nem respostas a tantas perguntas que ficaram por fazer. Talvez não tenha conseguido explicar... não te pedi amor. Não quiz mais que amizade e ternura. Dei-me por carinho. Abri um pouco do meu mundo...derrubei paredes, subi degraus. E consegui ultrapassar barreiras...tantas!
Só para sentir outra vez... sentir que me posso dar. Consegui isso, nem sei se por ti se por mim.
Na timidez, deixei que o desejo ganhasse a batalha. Fiquei assim, perante ti, nua. Mas tu não viste. Ou viste? Reparaste que mais que corpo fui alma?
Ainda sinto cada toque suave, toque de flor de pele, de pólen...com saudade.
Dei o que sou...talvez tenha dado muito pouco. Ou nada. Talvez tenha nada a dar...talvez por isso as respostas nunca virão. Não fui o que esperavas ou o que desejavas. Mas estar tanto tempo só, inibe-nos e a libertação demora... fui o que consegui.
Quem sabe um dia me lembres. Do cheiro, do toque...ou saibas quantas barreiras tive que ultrapassar para poder estar contigo. Quem sabe um dia, com outro alguem, possas saber o que sinto, a dor que nos aperta a alma que não nos deixa respirar...só porque queremos saber o que ninguém nos diz.
Não basta só sentir...as palavras existem. Sinto-me a assistir a um filme mudo... de que vale um sentimento se não se fala dele? Vale quase nada... Sentir, só, não basta.
Libertei-me de orgasmos contidos, de desejos reprimidos. Talvez quem sabe assim percebas que um olhar nos pode trazer o peso do mundo quando vimos um quase desprezo por termos cruzado uma linha que não nos era permitido cruzar.
A vida pode ser um jogo, mas eu não sei jogar. Não sei deixar desejos pelas metades, histórias por acabar.
O destino provoca encontros e tambem erra. Eu não sei se escolhi a pessoa errada ou se a pessoa errada sou eu.
Mas já não procuro nada, já nada espero. Já não quero as respostas que não vieram, que escondeste em ti.
Há silêncios que doem tanto...tanto!
Perdoa-me.
E como confissão: faria tudo outra vez...mesmo sabendo que este era o preço a pagar. Podes ir...leva na bagagem o desprezo, o desalento, a decepção. Leva contigo as palavras que já não quero ouvir... leva tudo. E se não for pedir muito, leva tambem esta tristeza, não a quero. Vai...
Neste instante, sei que chegou a hora de poder, finalmente, deixar-te partir...
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