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O silêncio tambem se escuta...

Confessado por Mulherde30, em 10.12.06

vilarinho das furnas.JPG
Fotografia: Raquel (sim, eu, quem mais?)


Sou mulher de paixões... e quando por um acaso descobri que existia cá no norte, mas mais norte, pequenos recantos de silêncio e de magia, já só pensava em partir.
Eu a fazer contas à vida para ir e ver. Sentir estando lá. É a melhor maneira, não concordam?
O que não sabia é que seria tão depressa... até o Bruno (www.osmeusengates.blogs.sapo.pt) me convidar. E entre negociações, lá decidi.
A verdade é que ambos precisávamos fugir daqui. Cada um com as suas razões, cada um pelos seus motivos. Se depressa o pensámos, mais depressa o fizémos.


Adoro o Alentejo. Nem me perguntem porquê, não sei. Sei que gosto e pronto.
Mas desta vez, havia ali um chamamento que me empurrava para Norte, já que sempre me quedei para o sul.


E lá fomos nós, perdermo-nos entre montanhas e vales. Quer dizer, perdermo-nos não, já que conduziu fui eu, não é Sr. Bruno? É que se fosse a seguir as indicações do meu co-piloto bem que ainda era capaz de encontrar uma placa a dizer: Paris a 5 km! eheheheh... ou ainda hoje tentava o regresso a casa!
A ideia era "não aos telefones"... mas o Bruno... ai o Bruno! É gajo, não se pode esperar muito...
Pelo menos teve o mérito de nem se atrever a ligar a televisão e de não escapulir durante a noite rumo à Estação da Luz.

À chegada, uma casinha de madeira acolhedora, e ao acordar bem cedo (esta custou) ter o rio a correr lá em baixo, tranquilo. Quase podia dizer que estávamos acima das nuvens! eheheheheheh Ai Bruno... o que ainda me rio quando lembro!


O pequeno almoço no alpendre e sentir que a vida vale a pena.
Dias de paz, de sossego, de silêncios que valem ouro.
Conhecer a aldeia, visitar pontes romanas, uma aldeia deserta, trilhos do caminho de Santiago, percorrer a margem do rio em caminhos pedonais.
E hesitar.... quando na ida a vaca estava lá em baixo e na vinda já estava cá em cima com cornos enormes e pontiagudos a olhar-me de lado, precisamente no meu caminho! É que é preciso ter lata!... e aqui entre nós, não me apetecia nada morrer lá, onde Judas perdeu as botas, onde o diabo gritou três vezes e ninguem ouviu.
Pior que isso... sem ninguem saber ao certo onde eu andava, ou num cenário mais negro, ninguem dar pela minha falta e se desse, nem se dar ao trabalho de me procurar. Que morte triste... heehehehhe
E o Bruno a dizer que não, que não tivesse medo. Ok, primeiro vais tu à frente e logo vês se eu posso ir. Com um só corno daquele tamanho, atravessa-me de um lado ao outro e ainda lhe sobra cornadura.


Sobe serra, desce serra e em lado nenhum se encontra seja o que for. Aliás, tambem não se sente a falta. Alem de uma paisagem magnifica, de águas transparentes e cristalinas que quebram o silencio, onde quer que se vá. As estradas sinuosas, as ravinas que causam arrepio....
E de repente... cavalos selvagens.
Dantes, sempre que via o sinal "perigo animais" achava que nunca me iria aparecer um bicho de grande porte à frente. Cá para os meus botões dizia: por favor, ia lá agora um elefante atravessar a estrada? Hoje já não penso assim. A qualquer curva sou bem capaz de encontrar um grupo de vacas. Ou um casalinho de cães presos, cada um puxando para seu lado, a olhar-nos ou de vergonha ou de surpresa.... ou se calhar até vaidosos, obrigando-nos a parar e a... esperar.

Mas o almoço! Lá no topo da serra Amarela, em Brufe, no alto de tudo, rainha do mundo e os vales aos meus pés....
Já que a estrada era perigosa, com curvas e mais curvas e logo depois outra curva, bebi. Pouco, mas bebi.
E com o vinho, lá devemos ter pensado que o meu Ibiza era afinal um Jeep TT. Deve ter sido isso... os nossos neurónios embriagados lá nos deviam dizer baixinho que não iria acontecer nada e que nenhum obstáculo seria impossivel. Pois sim...
Só isso justifica ter feito 10Km em estrada de terra batida, com crateras mais profundas que o inferno, com o Bruno sempre a sair e a dar-me pistas para não ficar atolada (desculpa, migo!) sempre com a primeira mudança, a 15Km por hora. Imaginam o tempo??? eheheheheh....
E para piorar anoitecia e o carro na reserva.

Pelo menos , nesse caminho da Mata de Albergaria, com quedas de água em todos os cantos, apesar de ser proibido parar ou estacionar, lá tirei esta fotografia (outra multa que me vai chegar a casa, estou mesmo a ver... eu chibo-me e depois dá nisto!)
... uma vista deslumbrante, sem duvida, mas o que vinha a seguir...

Lóbios! Ao anoitecer...
Piscinas naturais de água quente! E quando eu digo quente, quero dizer isso mesmo: quente!
Já noite cerrada e eu ali, de pezinhos mergulhados sem querer sair de lá... com o arrependimento a soar-me em sineta: porque não trouxe o bikini? Mas tambem era Novembro... ia lá eu adivinhar!
Sei o que pensam... mas não tive coragem. É a diferença de se fugir com um gajo. Se fosse gaja, era tão mais fácil! heeheheheh


O jantar foi de encontro a tudo: tranquilo.
Há coisas que custam esquecer... ó Bruno, e o mistério da lâmpada vai ser uma dessas coisas! Recordas-te??? ehehehehehhe
Mas essa noite trouxe-me o melhor momento... estarmos no alpendre, deitados em puffs com o céu estrelado a fazer de tecto, um silêncio que chegava carregado de paz, a lua entre uma nuvem e outra, a manta polar e lá dentro a Ivete a cantar...
"A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar
Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja: eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão..."

Foi este o momento que mais recordo com carinho. Foi por algo assim que fugi daqui.
E sabes Bruno?, obrigada por me teres proporcionado dias assim. De coração te agradeço.
Talvez tu e eu tenhamos desejado dias assim com outros alguem, mas acabámos por ir nós dois e aproveitar da melhor forma.
Há coisas que valem a pena. E mesmo que o meu coração já só me peça de novo o sul, não vou esquecer do tanto que vi e senti no norte do meu país.


Sim, o regresso é inevitavel.... ainda fomos de visita a Arcos de Valdevez, a Ponte de Lima, a Póvoa do Varzim.... e em menos de nada: piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.... que merda é esta???
Cidade grande, Porto, transito, carros, barulho, buzinas, gente de olhos raivosos que me olhavam de lado e eu que só pensava nas vacas lá na estrada que tambem me olhavam assim.
E a Mafalda a acompanhar-nos toda a viagem dizendo baixinho que é preciso ser trigo, depois ser restolho e que há que penar para aprender a viver.
E a vida, essa, não é viver sem mais nada, nem sequer é dia sim, dia não. A vida é feita em cada momento de entregas alucinadas e quem sabe assim, se recebe em troca, aquilo que nos engrandece o coração.... (Mafalda alterada!... mas eu tambem regressei um pouquinho assim, com uma alteração qualquer cá por dentro....)


Como confissão: aconselho a cada um que não conheça, este trajecto. Não se vão arrepender. Palavra de gaja.
E até vos digo mais uma coisinha, melhor, duas:
www.casasdealem.com
www.abocanhado.com
Mas não me podem condenar que nós perguntámos se queriam ir...
Eu até queria deixar aqui muitas, muitas, muitas, fotografias que tirei. Para partilhar memórias de dias perfeitos.
Ele já publicou uma no cantinho dele que ele tirou lá nas casas de além, com o rio Lima, ao fundo.
Só que aquele desnaturado do Bruno fugiu com as minhas fotos e não mas quer devolver.
E se com a vossa ajuda, fizesse uma revolução???

publicado às 21:09


Confessionário

De mulherde30 a 11.12.2006 às 12:37

P/ EUZINHA: temos que ir buscar energias a qualquer lado, n

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