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Pele que grita...

Confessado por Mulherde30, em 05.05.05

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Os dias têm sido imensos...e as noites, essas, longas demais.


E tenho pensado em tanto que vivi, em tanto que esperei, em tanto que não consegui.
E o pior, muitas vezes, é não ter respostas para perguntas que faço. Talvez sejam sem sentido. Rodopiam em mim como se me quisessem sofucar. Mas eu não sei, não sou eu quem sabe as respostas. E tudo me parece ser possivel.
Abraço-me na ânsia que o sono chegue depressa, que afaste imagens de mim...


E no meio de pensamentos destroçados, sei que algures fiz tudo errado, só não sei onde.
Cruzei linhas que não me eram permitidas, acreditei em palavras. Uma vez mais acreditei...uma vez mais me decepcionei.
E quantas vezes não decepcionei eu alguem?
Quantas vezes não dei o que esperavam de mim? Um carinho, uma palavra, qualquer coisa que nunca deixei sair. Quantas vezes magoei sem saber?

E sei que perco. E perder, quase sempre dói.
Sei que acreditei em algo que afinal, a vida me provou mais uma vez, que não existe. Mas eu teimo. Eu preciso saber, mesmo que as palavras me tragam a maior mágoa. A mágoa passa, as palavras ficam...mas pelo menos sei. Fico sem duvidas. As duvidas que me fazem ficar acordada e dividida entre o querer e o dever. A duvida que não me deixa saber qual é, afinal, o meu lugar: se longe se perto.

As vozes que nos chegam de mansinho, que nos garantem ser diferentes e que nos provam que são iguais.
As vozes que querem algo de nós que não somos capazes de dar, que nos pedem o que nós tambem pedimos.

Fecho portas devagar...rasgo a pele com as palavras que não posso dizer...com prazeres que não me são permitidos.
Porque o coração está cá...batendo mais calmo, dorido...mas vivo.
E num dia qualquer tudo será lembrança. E num dia qualquer já nenhuma palavra fará qualquer diferença. E num dia qualquer já não há regresso. E num dia qualquer a memória já nada nos traz. Talvez venha um sorriso de saudade, talvez...
Porque num dia, eramos tudo...no outro nada.
Porque nesta vida de faz de conta...passamos de bestiais a bestas com tanta facilidade como de bestas a bestiais. E não compreendo. Ou talvez compreenda, mas não aceito ser igual. Não quero ser. Não posso ser.
Era tão mais fácil se todas as palavras fossem ditas...se não houvessem máscaras ou fingimento...tão mais fácil! Era tão mais fácil poder olhar e dizer tantas coisas que o coração grita e que a boca cala! Era tão mais fácil poder odiar. Mas sou assim: quando gosto, gosto. E nunca sou capaz de deixar de lado esses amores, esses sentimentos... mesmo que só me façam mal.

Porque se fala o que não se quer? Porque se diz o que não se sente? Porque se fere quando se quer apenas amar?
Sinto-me cansada de uma guerra que não escolhi, que não procurei e que me faz sofrer.
Uma guerra que chegou sem me avisar... e que partiu deixando-me derrotada.
Não quero mais, estou cansada.
Quero que o tempo volte atraz e refaça todo o mal que fiz...todas as decepções que causei... ou que o tempo passe depressa e me permita esquecer.
E sei que isso vai acontecer.
Sei que na mágoa vou aprender de novo a acreditar...e quem sabe amar.

Que as lágrimas deslizem pela face, que se transformem em pedras e que em pedra se torne o meu coração.
Porque se sofre sempre por quem menos merece?

Há tantas arestas que preciso limar! Tantas correntes das quais preciso me libertar! Tantas palavras e gestos que preciso esquecer!

E como confissão: sim, estou carente. Queria apenas aquele abraço que apertado e triste me pudesse fazer chorar. Preciso tanto libertar-me de lágrimas que tenho presas em mim...queria tanto ouvir uma voz que me dissesse: Gosto muito de ti.
E que por essas palavras a pele se rasgasse e gritasse: Tambem eu gosto de ti. Muito.

Quem sabe então assim...

publicado às 16:58


Confessionário

De aasd a 05.05.2005 às 19:21

Raquel.. chamas-te mesmo Raquel? :)

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