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Tudo aquilo que sou...
Fotografia: Plilippe Pache
Não sei se me sinto triste, ou se me sinto feliz. A verdade é que vivi algo tão surreal, que me sinto ainda, a planar.
Há horas em que não sei que caminho seguir. Horas em que olho ao redor e não encontro um trilho por onde alguem já tenha passado. É quando me embrenho por lugares que nunca conheci, e descubro, do outro lado, algo que nunca imaginei.
E basta um quase nada, para mudar a nossa vida, para sempre.
Porque há momentos em que nos chamam e o medo não nos permite ir. Mas há momentos em que nos dizem, antes do raiar da aurora, "anda comigo, vamos fugir, vou-te buscar".
E o caminho fica mais fácil de fazer. A dois. Mesmo sem entender, vamos. Porque a algum sitio tudo isto nos vai levar.
Foi preciso sofrer, para que só agora, tanto tempo depois, encontre as respostas. Agora, que já nada há que possa mudar o rumo à história, me dizem que precisam de mim, que querem dormir nos meus braços.
Foi preciso chegar-se ao limite para deixar sair o que se guardou tanto tempo. E é na hora da partida que se sente que é preciso dizer, mesmo que se pense que os outros sabem, que os outros sentem o nosso amor.
Nessa linha ténue entre o estar perto e ter muitos kilómetros de chão a separar-nos, alguem nos diz que somos importantes, que há um sentimento grande no seu peito, com os olhos rasos de água. E tudo o resto fica tão pequeno, todas as esperas se tornam tão insignificantes... e voando, pairamos e planamos lá do alto naquela tranquilidade que se sente sempre que dizemos que apesar de tudo, afinal, tudo valeu a pena.
- Sabes, há momentos em que, com as asas feridas, não consigo voar.
E uma voz sussura-nos ao ouvido:
- As minhas asas são suficientes para nós dois...
Como confissão: Não sei se existem anjos ou destino, mas se existem, com certeza gostam de mim. É que ainda há pessoas de quem já pouco esperamos o que quer que seja, e do nada, chegam-nos de mansinho, em pezinhos de lã, e nos viram a vida do avesso. Mesmo que nessa mudança seja preciso dizer: até um dia. Porque a ternura, essa, dificilmente será esquecida. Porque o carinho, esse, dificilmente nos deixará o peito. Porque a memória de coisas tão sublimes, dificilmente se apagará. E a magia da vida acontece... enquanto vivemos.
Vocês, amigos de sombras, acreditem que este deve ser o momento que mais me custou partilhar convosco. Talvez por isso tudo vos pareça sem sentido, não sei...
Porque me custa encontrar as palavras, porque tudo ainda me está à flor da pele, porque as lágrimas me teimam em cair, porque os dedos não deslizam pelas teclas, porque a esta hora, ainda escuto as palavras, ainda tenho os cheiros, ainda queria voltar atrás e ter de novo aquele abraço de corpos enroscados, que nos entrelaça a alma, quando tudo o que desejamos é apenas isso. Porque o que vivi, o que senti, foi grandioso demais. E acima de tudo, porque me custa escrever enquanto tenho o peito assim, apertadinho.
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