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Súplica...

Confessado por Mulherde30, em 26.09.05

143922.jpg


"Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
e que nele posso navegar sem rumo,
não respondas
às urgentes perguntas
que te fiz.
Deixa-me ser feliz
assim,
já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer enquanto
o nosso amor
durou.
Mas o tempo passou,
há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
matar a sede com água salgada..."

Miguel Torga


Hoje as palavras abandonaram-me. Não encontro nenhuma que possa exlicar ou dar sentido ao que sinto... ficou tudo tão vago, tão vazio. Logo eu que vejo as palavras como puzzles que juntas dizem tudo quando sozinhas nada valem. E hoje, num dia assim, nenhuma me diz nada.
Logo hoje que precisava delas...que os pensamentos teimam em voar para dias e noites já tão distantes e tão ontem...


Aproveito o sol e sento-me na beira do rio...e vejo que ele parece correr para um lado, quando afinal o seu percurso é para o outro, para o mar. Talvez eu seja assim tambem, teimo em contrariar as correntes que me querem levar, resisto lutando, não quero ir...deixem-me aqui a esperar.
Mesmo que saiba que a espera não tem razão nem sentido. Quero apenas ficar aqui. Porque acredito. Ainda.


Embrenho-me num livro, em histórias que não são minhas, entro em personagens para que por instantes possa viver outra vida qualquer.
E a noite chega, anunciada pela brisa que arrepia, que despenteia... e eu assim, sentada a dizer até amanhã ao sol, esperando a noite, a madrugada e a aurora...para ver outra vez o dia começar. Sem ninguem. Sem o corpo que habita o outro lado da cama, que partilha o toque, o gosto do beijo, o mundo. Apenas mais um dia. Só. Toda eu.

Talvez à noitinha, o peito se encha de estrelas e de astros, quem sabe brilhe por um momento que seja... por uma voz.

Hoje não quero as amigas nem as conversas que entram pela noite, mansas...hoje não tenho as palavras que sempre esperam ouvir de mim.
Hoje quero o silêncio...e suplicar uma e outra vez ao peito que te arranque daqui. Já não te quero cá dentro, quero tirar os teus restos ...o teu cheiro que ficou na pele, o teu riso, a voz que teimas em sussurrar ao meu ouvido.
E mesmo assim, nos meus recantos, tenho medo que tudo isso desapareça e fique nada...porque as coisas que aqui deixaste ainda são as mais bonitas de uma história que nunca chegou a começar.

Queria apenas que as imagens deixassem de estar aqui a vaguear, que não irrompessem pelos sonhos, que torturassem as madrugadas quando o sono não vem. Queria que chegassem sem magoar, devagarinho ...agora que sei que não quero reviver nenhum passado...nem sequer remexer em sentimentos já tão remexidos e revirados.

A vontade que tenho de esquecer é quase tão grande como a que tenho de nos lembrar... é que se esquecer, já somos dois. E depois quem contará os retalhos dos momentos em que o coração batia mais forte e dava aquele aperto no peito? Ninguem...


Como confissão: quero deitar nos lençóis sem cores, ouvir a musica que toca baixinho, ver a luz que entra pelos estores trazida pela lua, não me deixar embalar em pensamentos que nestes dias não me abandonam e nos quais não quero pensar, não assim...
Quero adormecer...e pensar que os toque do cetim são os teus dedos que deslizam na minha pele, devagar...
Ainda me dóis...custas-me tanto!
Porque desgasta tanto arrancar do peito a ausência, a falta e a saudade?

publicado às 00:36


Confessionário

De Mr.Utopia a 26.09.2005 às 03:18

Todos temos uma manta de retalhos feita de ausências, presentes e passadas, umas calcificadas e outras ainda expostas à dimensão da saudade. Nunca concebi o esquecimento como opção, por maior que seja a travessia, nunca ponderei conspurcar sorrisos sinceros, esvaziados pela, por vezes, crueldade do tempo que passa. Acolhe a saudade e a dor no teu peito, trata bem delas, um dia deixarão de te morder.

De Passo a 26.09.2005 às 09:19

n ha amor q n de dor, n há saudade q n de vontade, n ha alegria q n de tristeza, apenas a forma como encaramos a vida é q faz a diferenca :) beijo

De bcool a 26.09.2005 às 13:24

tão tristinha ... porque insistes em esperar pelo que já não vem, agarrando-te a um passado que já não volta ? houve aí atrás, noutros comentários alguém que te disse que enquanto não largares o passado e começares a viver o presente e o futuro não serias feliz ... se queres que te diga, acho que tem razão ... mas isto é algo que já sabes e não preciso de ser eu ou ninguém a dizer-te ... também sei que não querias estar assim, mas estás ... daqui só te posso oferecer um ombro (ou dois) e um par de ouvidos (é verdade, parece-me que não os queres) ... beijinhos

De amanda a 26.09.2005 às 13:40

De Koia a 26.09.2005 às 15:30

Todos os seus textos conseguem transparecer aquilo que sinto... muitos parabéns pelo blog

De falame_de_ti a 26.09.2005 às 17:15

oi rakel, mais uma vez e depois de longa data decidi voltar-te a visitar... a verdade é k já não fazia a algum tempo, talvez por medo, sim por medo. Na verdade magoa-me as tuas palavras, vejo neles o meu fim de tarde, a minha noite... sei que já te disse isto, mas és uma poeta, não apenas pelas palavras que escreves mas pela alma que transmites a quem te lê... na verdade te digo... chorei novamente... senti as lágrimas... algo k já não sentia a algum tempo... um sentimento que pensava já ter esquecido... continua... bjokas e felicidades

De Margarida a 26.09.2005 às 17:58

Olá Rakel.Dou-te sempre notas breves,afinal isto é só um comentário, mas neste gostava de me entreter com as tuas palavras. Faltar-te as palavras? Ora Ora, jamais te faltaram. Beijos Beijos

De Manu a 26.09.2005 às 19:10

Olá Rakel. Pelo que vejo estás outra vez "down". É normal sentirmo-nos assim de vez em quando, parece que um imenso vazio se apodera de nós, fazendo-nos sentir tristes e impotentes. Tudo nos parece estranho, longínquo e hostil. Aquilo que sentes e nos transmites na tua escrita é perfeitamente normal. Gente que é gente passa pelos mais variados estados de alma e, às vezes num curtíssimo espaço de tempo. Bjinho.

De Bite For Delight a 26.09.2005 às 20:45

Existem dias em q o tempo parece q não passa, q volta tudo outra vez e q nós perdemos as forças para lutar e tudo faz lembrar...Parece q tudo o q foi conquistado está a ser derrubado outra vez,mas espero q acredito q sejam fases e logo logo tudo se voltará a recompor e a alinhar no devido lugar...bjocas nina

De morgana a 26.09.2005 às 21:35

Houve reviravolta?? oh bolas...nem sei que te diga! olha, beijo, e abraço...

Diz lá


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