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Tantas de mim

Confessado por Mulherde30, em 10.03.05

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Por trás do véu, existem tantas de mim!
Saio de casa de sorriso no rosto, de altivo porte, de bem com a vida.
E existo eu, deitada numa cama tão imensa, tão sozinha, com um sentimento de abandono em mim. Abandonada pelo amor, abandonada até pela Raquel que preciso e quero ser.

Parece até que me divido em mil numa só. Parece até aqui dentro sou vazia e cheia de nada.
Os meus dias multiplicam-se para acompanhar os outros nas dificeis caminhadas, para limpar lágrimas e oferecer sorrisos.
E depois existe a Raquel que não tem companhia. Nem quem limpe lágrimas.
Existo a rir por tudo...a chorar por nada.
Existo forte, rude, cruel e má... e existo eu de coração meigo, carente, fraca, sozinha.
Existe a Raquel coragem...existe a Raquel que quer sair da rede do medo.
Como me posso conhecer?
Como posso dizer como sou?

É como que se eu, assim, seja suficiente em tudo. Finjo que o amor carnal não me faz falta, que não preciso que a pele se rasgue, finjo que na minha loucura sou saudavel. Como se fosse feliz sozinha...
E existo eu, assim, triste sozinha. Com tanta coisa em mim para dar, com palavras meigas, com sorriso amigo, com carinho que quero e preciso dividir. Com falta desse amor feito de pele de carne e de sabor...

E com quem?
Por vezes o mundo parece-me cruel, os outros derrubam barreiras que eu construi e depois deixam assim a vida em ruinas... a minha vida.
E sei que quanto mais tempo estiver sozinha, mais custará deixar entrar alguem. Sei disso. E mesmo assim o medo de perder tudo o que possa construir me faz afastar de quem sei que ama, que quer e que deseja. Ou talvez não. Talvez seja ilusão..talvez não me amem, nem queiram nem desejem. Talvez.

Quando à noite me deito, faço os sonhos. Imagino o que sei que dificilmente terei...

Na verdade a falta de um carinho, de um amor, de uma paixão, chega a pesar.
E mesmo assim, quando o coração amolece, recuo. Digo as palavras que sei que vão magoar. Por vezes, se fizer com que me odeiem é sempre bem melhor, para que seja mais facil esquecerem-me. A paixão consome-nos, leva-nos ao extremo...e eu ia achar fantástico apaixonar-me. Mas há a Raquel que não quer, que se afasta.

Existe a Raquel que calça as botas de saltos altos, que cruza a perna e a Raquel que se senta no chão.
Existe a Raquel mulher...e a Raquel criança.
A que chora ao ver um gesto num filme e a que é indiferente.

Sou a contradição.
Sou tudo e nada. O riso e o choro. A noite e o dia.
O preto e o branco.
Sou o talvez...

E sei que é dificil ser tantas Raqueis.
E sei que sou um emaranhado de confusões.
E sei tambem que choro demais.
E sei que...nada...

publicado às 12:18


Confessionário

De Enamorada a 10.03.2005 às 12:26

Como te entendo... existe tanta gente assim...Um beijinho com carinho.

De Cl a 10.03.2005 às 14:01

Li cada paragrafo minuciosamente... não sei como consegues, mas as tuas palavras reflectem integralmente tudo o que me passa pela cabeça diáriamente, e o meu dia-a-dia não podia ser mais parecido!! Se calhar não estas assim tão sozinha...
Beijinho cheio de amizade!!

De mokomaori a 10.03.2005 às 14:43

queridas raqueis..se voces fossem so uma, num tinham a riqueza que têm!!! é nessa diversidade de emoçoes, caracteristicas, modos de ser e de estar que se forma a Raquel que todos nos adoramos! pode haver desequilibrios, pode haver contradições, pode haver tempos em que nada faz sentido e se questiona porque é assim quando devia ser assado mas...é essa palete de cores diferentes que formam o teu universo, universo esse que, ao partilha-lo connosco, nos honras imenso....beijo com carinho.

De eu33 a 10.03.2005 às 16:28

Lendo tudo o que escreveste fiquei com a sensação de estar reflectida num espelho. Existe a diferença de eu não estar sozinha. Tudo o que descreves é o que faz de nós mulheres. Sensíveis, inconstantes, desejosas, carentes e insatisfeitas. A insatisfação de vidas escolhidas cedo demais.E rimos, e choramos e vivemos, ainda que sobrevivendo.
Fica bem,

De Xana a 10.03.2005 às 16:46

E tens alturas em que não tens paciência para ti.És intensa demais, observadora demais,aparentemente inteligente...Tens um monte de teorias brilhantes mas que só funcionam com os outros.Encontras respostas para toda gente, embora para ti só encontres perguntas.Que as fazes aos outros e eles não sabem responder.E ficas cansada...E quando ficas cansada, ficas irritada,e quando ficas irritada, ficas triste...
E por trás da pessoa segura e determinada está alguém carente,que queria mimo e algo mais...não é pedir muito...e sabes que existe quem o queira dar mas não era dessa pessoa que o querias receber...O que fazer?...Beijinho.

De Amaral a 10.03.2005 às 17:46

Como é possível ficar indiferente a toda esta amálgama de ternura, de amor, de sinceridade?
Todas essas Raquéis são a Raquel cheia de plenitude e de vida. Não há contradição em nada. Há um misto de pureza e de amargura. És e continuarás a ser mulher e criança! E o preto e o branco! Mas antes do mais, vislumbro uma Raquel de fibra e de verdade. Daquelas que, mesmo sentadas no chão, parecem mais altas que um montão de saltos altos!...
Ainda tens muito para nos contar...

De XUPA NU PIPI a 10.03.2005 às 18:17

Só para dizer-te - OBRIGADO :-))E usa um pouco da tua força para unir essas raqueis num "biscoitinho" ;). Beijos, Raquelinha
:-)

De garanho a 10.03.2005 às 18:36

Li as tuas palavras com sofreguidão... A Raquel que descreves é a Raquel simultaneamente insegura e auto-confiante... mas muito insegura naquilo que menos se pode ser. É uma Raquel que afasta para que não a afastem, cansada de "guerra", cansada de ser posta de lado, que se auto-exclui porque assim não perde um pouco mais de auto-estima no caso de ser excluída. Que não quer o que pode ter, simplesmente porque não quer e porque acha que não se deve contentar apenas com o que está à mão, só porque está à mão. Raquel, revejo-me em muitas das tuas palavras, nos avanços e retrocessos, nos receios e desejos, nas vontades e indecisões. Acho que sei o que preciso, mas, na eventualidade de não o ter, tento, também, auto convencer-me que não preciso de nada e... na solidão da minha cama, sinto o desejo de algo mais que não tenho, mas de manhã conveço-me que não preciso, pois é a melhor maneira de enfrentar o dia. Hoje disseram-me que me acharam triste... tão triste como te sinto a ti, aqui, nas tuas palavras... e perguntaram-me porquê. Não soube ou não quis responder, mas com o link para aqui talvez a resposta fosse mais fácil... tu não és muitas "Raqueis"... és apenas uma, multifacetada, rica de personalidade, cheia de humanidade e com muito para dar... mas a precisar muito, muito mesmo, de receber... de receber mimos, atenção, carinho, amor e, porque não, prazer... Um beijo para essa Raquel tão rica que nos vais mostrando.

De blogui a 10.03.2005 às 21:29

Na minha opinião, o facto de seres uma mulher de contrastes só aumenta o interesse do teu ser. Ainda bem que não és sempre igual. Ainda bem que consegues ser forte mas também consegues ser criança. Só revelas que és humana, que tens sentimentos e reages consoante o que se passa à tua volta. Pelo menos, não seria monótono viver ao lado duma pessoa como tu! b´jinho.

De mulher45 a 10.03.2005 às 22:40

Crescer mais é isso mesmo. As dores de crescimento, as fisicas, servem para nos preparar para as dores de alma que vêm vida fora e que nos fazem afinal crescer. Um dia destas essa confusão sossega, mas as mulheres como tu hão-de sempre interrogar-se, assustar-se, entregar-se, perder-se, achar-se, esconder-se e fazer-se à luta quando é caso disso. Estão vivas, é só isso. Não queiras morrer biscoito, vive como vives que vives a sério. Bjs

Diz lá


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