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Um dia destes...

Confessado por Mulherde30, em 28.07.08

P7110112.JPG
Fotografia: eu mesma, num recanto secreto que me ensinaram algures ali no norte, muito norte

Os três dias foram....
Já foram.
E foram tanto que os queria de volta outra vez.

O melhor foram os pequenos momentos. Como sempre, não concordas? Aquele encosto suave, a água quente em banhos nocturnos. O riso fácil dos dias despreocupados. A familia junta em turismo rural.O regresso com o escaldão nos pés. O rabo dorido.
E mesmo assim, queria voltar.

Não posso dizer que só vi coisas novas, mas posso dizer que vi coisas novas e que voltei a lugares onde um dia não pensei regressar. E regressei acompanhada de um amor.

Na verdade, nestes ultimos dias, dou por mim muitas vezes a pensar nisso.
Quando chego a casa, depois do trabalho, já a noite vai alta. E arrasto no corpo o cansaço dos dias longos demais. E sempre a dizer-me:
- Vê lá se é hoje, Raquel. Devias escrever lá no teu cantinho. E as cartas? Já viste? Tantas para responder... se as pessoas escrevem é porque, de alguma forma, esperam resposta. E quem te procura no teu cantinho (os ainda e sempre resistentes) e já nada encontram de novo. Escreves quanto agora? Uma coisinha por mês? Porquê Raquel? Vê lá se é hoje... já é tempo. E se telefonasses de volta às chamadas perdidas? Vê lá se é hoje.

E não é. Porque nem sequer ligo o computador. Porque me sinto cansada. Porque parece que quero e preciso muito mais ler, do que escrever. Porque tenho muito a dizer e se calhar nem quero dizer nada.

Vejo uma amiga de partida. Vai embora. E vejo-lhe nos olhos a tristeza de quem não tem outra saída. E cá por dentro... só a querer ter muito pertinho de mim todos aqueles a quem quero bem, para que nunca me possa refugiar na falta de tempo que me faz sentir a viver num país distante sem pouco saber do que se passa perto de mim.

Já não me sinto eu, a maior parte do tempo. Por não ter tempo para quem gosto. Por não ir para as moitas, não sair à noite, não dançar, não ler, não escrever.
A fazer nada e a sentir que falta fazer tudo, que tudo está ainda por fazer.

E depois penso em mim, cá por dentro.
Vejo-me assim neste gostar doce e tranquilo. A pensar que o amor nos apazigua a alma, nos dá a tranquilidade que a loucura das noites não nos deixa saborear.
E se calhar é por isso. Porque a paz não precisa de palavras.
Porque a dor me obriga a escrever para me libertar de fantasmas que aprisionam a alma. E o amor liberta essa alma desses fantasmas.


Tenho dias em que me apetece desalmadamente escrever. E não posso. Depois posso e não me apetece.
Se calhar devia responder a todos vós que ainda resistem. E adio... se calhar egoista. Porque leio e tardiamente respondo. Pensas tu que é porque ignoro? Não é...
E um dia, dedicadamente respondo com o carinho grande que te tenho. Mas preciso daquela paciência. De horas tranquilas para escrever as coisas como devem ser escritas. E nem sempre me encontro nessa calma. Se calhar é-te confuso demais. Talvez penses que é uma forma de me desculpar. Não é. Para me desculpar, digo-te apenas: perdoa-me.
E sabendo que é dificil entender, não me leves a mal os silêncios. Tambem preciso deles para não sofrer tanto por ti. Porque só te conheço as palavras e não sei o teu rosto. E depois, nesses desabafos que tens , que te fogem por entre os dedos, acabo tambem por sofrer. Se calhar acontece-te o mesmo quando estou triste e me sento aqui e tu, desse lado, lês com o coração a apertar-se por dentro de ti.
É estranho, estas cumplicidades que se criam entre seres que não se conhecem.
Posso dizer-te que um dia o farei. Sempre. Sempre te responderei. Talvez um dia quando já nem esperes, vais ver. Um dia destes sento-me aqui a ouvir uma musica que gosto e respondo-te a todas as cartinhas em atraso.


Quero escrever apenas porque sim. Escrever. Apenas. Quando quero. E não sentir isto, esta coisa por dentro a dizer-me que devo escrever, como se me pressionasse. Porque assim não vale, não tem sabor.


E é como se, de repente, já não fizesse sentido....

publicado às 23:05


Confessionário

De Anita a 29.07.2008 às 18:17

:) por acaso passei por aqui bastantes vezes, até encontrar este novo texto :) mas agora que o li até já esqueci o tempo que ele demorou a chegar. Acho que é isso que acontece com os verdadeiros amigos, que não se ressentem com a ausência: sabemos que, algures, a amizade está lá, e que é esta vida tramada que nos deixa sem tempo nas mãos para fazer tudo que nos completaria. Bonita foto! Não me atrevo a dizer que é o Gerês, porque existem muitos recantos secretos destes pelo Norte :) eu própria também já dei por mim num paraíso terrestre, algures para Trás-Os-Montes :) Ainda bem que o passeio compensou a dor no rabiosque :D Beijo com carinho e amizade para ti.

De conde a 29.07.2008 às 19:43

Nunca te vi, no entanto todos os dias venho aqui á tua procura e todos os dias fico triste porque tu não apareces,mas este é tambem o melhor elogio que te posso fazer,um beijo para ti.

De Mara a 29.07.2008 às 20:16

Recordo-me no ano passado, estar num dia mm mt mau. Sentei-me á frente do pc na minha faculdade. Chorava que nem uma desalmada. Dia 13, coicncidência ou n, 6ª-feira. Sem querer, deparei-me c este blogue. Escusado será dizer, q desde logo bocejei um sorriso, e a seguir gargalhadas infinitas. Como me me identifiquei tanto ctg. Hj, como todos os outros tb procuro novos textos, mas a verdade é q nem sp estamos dispostas a escrever. Admiro-te bastante pq como eu, se caies, tb te levantas a seguir. Bjs

De Rui Rocha a 29.07.2008 às 20:18

De Sofia a 29.07.2008 às 20:46

Acontece com todos... E as palavras voltarão se tiverem que voltar... Senão, espero sinceramente, que sejas feliz.


Bjinho*
Sofia

De Sofia a 29.07.2008 às 20:47

Acontece com todos... E as palavras voltarão se tiverem que voltar... Senão, espero sinceramente, que sejas feliz.


Bjinho*
Sofia

De euzinha a 29.07.2008 às 22:25

De lua e estrelas a 30.07.2008 às 10:22

A sensação que se tem ao cá passar todos os dias e ver que o tempo e o quotidiano te levou a melhor e não deixou um tempinho para nós, é de vazio, mas também de uma infinita curiosidade em saber por onde andas (afinal todos vimos cá pela curiosidade), mas também preocupação... porque o tempo leva-nos a criar um carinho e até amizade especiais... por isso quando vemos um novo texto, o vazio preenche-se, a curiosidade dissipa-se e a preocupação desfaz-se, e volta a alegria de saber que tudo está bem (dentro do que a vida permite), que não fomos esquecidos... voltam também as gargalhadas e/ou as lágrimas à frente do pc.
Escreve sem pressões, para sentirmos que é autêntico, mesmo que passe muito tempo... Nós esperamos....
Beijinhos

De 7 a 30.07.2008 às 14:50

Ultimamente tb tenho passado por aki menos vezes.Podemos arranjar mil desculpas,dizer q é cansaço,stress,esquecimento,enfim um sem numero de desculpas. No entanto eu acredito q os amigos são akeles q resistem a td isto. E q apesar d passarem anos sem s falar,qnd s reencontram n precisam d pedir desculpa.Um beijo e nunca escrevas por obrigação mas sempre por prazer...

De teixeira a 30.07.2008 às 15:00

sabes que mais, Raquel ? - UM GANDA BEIJO PARA TI, sabes a vida muda, mas é sempre recheada de coisas diferentes e novas encruzilhadas e é sempre a oportunidade, livres e inteligentes, de pé contra a brisa a comer o planeta, o universo, tudo! Se quisermos, quando quisermos, no equilíbrio!
tá?

Diz lá


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